2 de setembro de 2020

Voltar ao trabalho.

Se excluirmos o mês em que as minhas férias foram canceladas mas só fiz urgências (ou seja, não voltei às minhas rotinas profissionais propriamente ditas), passei os últimos quinze meses fora do meu local de trabalho.

Foram meses de muitas adaptações: primeiro grávida em casa e a manter as rotinas do meu miúdo crescido, depois com uma bebé em casa e a manter as rotinas do meu miúdo crescido, depois com os dois em casa durante três meses, depois novamente com uma bebé em casa e a manter as rotinas do meu miúdo crescido, e agora a regressar ao trabalho, a Gabriela a entrar na creche e o Matias a ingressar na pré-primária (que só começa a meio do mês).

Foram meses muito bons, e sinceramente senti zero saudades de trabalhar. Não me aborreci e nunca me fartei porque adoro estar em casa. Não senti saudades de conversar com adultos porque sempre tive toda a gente à distância de um telefonema e, para ser muito sincera, acho os meus filhos mais interessantes do que grande parte dos adultos que me rodeiam (sorry not sorry). Mantive sempre as nossas rotinas e não senti falta nenhuma da azáfama de ter horas para chegar, do trânsito na Segunda Circular, do pesadelo para estacionar, das consultas e das urgências.

Maaaaaas tinha de ser. O internato não se faz sozinho, e começo a sentir-me desgastada de andar há tantos anos nisto. Sem os miúdos teria acabado o internato em Junho deste ano, assim acabo em Outubro de 2022, entrei em 2015 e parece que estou aqui há uma vida. Financeiramente também se estava a tornar difícil continuar em casa de licença alargada a ganhar um quarto do meu salário, por isso tinha de ser.

Quando voltei várias pessoas perguntaram-me se estava contente com o regresso. E eu fiquei sem saber bem o que dizer. Estou contente por estar de volta porque isso significa que estou a avançar e a progredir. Estou triste por estar de volta porque isso significa que uma das melhores fase da minha vida (sim, mesmo contando com a pandemia) chegou ao fim. Estou contente porque a Gabriela vai entrar na creche, e sei que isso significa que está a crescer. Estou triste porque a Gabriela vai entrar na creche, e sei que isso significa... Que está a crescer. Estou contente porque gosto de mudanças, gosto de novas adaptações e gosto de desafios. Estou triste, porque gostava das coisas como estavam antes.

Não, não estou contente com o regresso. Mas também não estou triste com o regresso. Sempre tive a certeza que iria voltar, e cá estou, pronta para a fase seguinte. Vamos a isto.

Gabriela no primeiro dia de escola