Palavras que enchem a barriga: 24 horas no Ritz #1

Ser mãe é sem sombra de dúvida o que mais me faz feliz na vida. Se eu não precisasse de me preocupar com dinheiro, ficava em casa a tratar dos meus cinco filhos, a cozinhar, a organizar festas e a passear. Eu sei que há quem ache esta vida redutora, mas eu adoro. Sinto que é um privilégio ver o Matias crescer, e essa sensação só aumentou desde que tivemos a Gabriela.

Dito isto, estava mesmo a precisar de uma pausazinha.

Os últimos meses foram muito desafiantes. Foi complicado para mim estar grávida, tivemos de nos adaptar a uma realidade diferente e a Gabriela foi uma recém-nascida bem chata. Agora já estamos todos na maior, mas no primeiro mês de vida da Gabriela íamos enlouquecendo. E sempre que pensava em alguma coisa que precisava, só me ocorria uma resposta: dormir.

Foi assim que recebi uma noite num hotel como prenda do dia dos namorados. Sem filhos, sem marido, sem tarefas, sem barulho, sem brincadeiras aos lobos e aos carnotauros, sem bolçado, sem biberões de madrugada, sem nada. Só eu, a fazer o que me apetecia.

E foi do caraças. Estive 24 horas hospedada no Ritz. Tirei fotos, comi ostras, bebi gin tónico, fiz uma máscara de argila, tomei um banho de imersão, dormi a sesta, joguei Sims, mandei vir o jantar pelo serviço de quartos e comi tagliatelle de lavagante e duas sobremesas (!), dormi 12h seguidas, tomei um pequeno-almoço gigante, vi as vistas e nadei na piscina. Ouvi o silêncio e aborreci-me de morte. Não tive saudades nenhumas de casa.

Mas voltei muito, muito feliz. E agora não tenho saudades nenhumas do Ritz. Foi muito bom, mas a minha vida também é muito boa. Com filhos, com marido, com tarefas, com barulho, com brincadeiras aos lobos e aos carnotauros, com bolçado e com biberões de madrugada. Com a vida que eu escolhi.