De certa forma, Sesimbra era a viagem mais aguardada deste ano. Íamos tranquilos, sem grandes pressões, sem ideias megalómanas de sítios a visitar (a não ser os restaurantes do costume) e com as nossas pessoas. Íamos sem planos, naquela que foi a nossa primeira viagem 'a sério' a dois com o Matias (até agora o Pedro nunca quis viajar com ele).
E, por incrível que pareça, a viagem superou as minhas expectativas.
É engraçado o que recordamos das viagens. Olhando para trás, o Pedro acha que viajar com o Mati para Sesimbra foi 'tão mau como achava que ia ser', e vai enumerando toda uma lista das chatices inerentes a viajar com um miúdo de dois anos: as mil tralhas que levámos, as birras em momentos desadequados, as noites desafiantes para quem não está habituado a partilhar quarto com o miúdo, a areia pelo ar na praia, as refeições sempre em alerta, a logística dos xixis, as corridas que o Mati dá para longe, o despertador automático às oito da manhã (mamããããã papááááá) e por aí fora.
Eu sei que recordarei para sempre outros momentos. A alegria do Matias quando apontou para a sua primeira bola de Berlim na praia e perguntou 'O bolo é meu?' e eu disse que sim. As tardes intermináveis a construir peixinhos e castelos na areia. Os baldes de água do mar gelada que o Matias atirava pela cabeça abaixo. Brincar às apanhadas no Forte de Santiago. Vê-lo a lamber-se todo no Isaías, de tal forma que até a cebola da salada comeu à mão. Assistir enquanto ele tentava fazer o seu primeiro amigo e falhava. Assistir enquanto ele tentava fazer a sua primeira amiga e conseguia. Gravar na memória a cara de felicidade que ele fez quando pusemos o carro do Noddy a funcionar.
Ir para a praia nas manhãs nubladas, tal como eu fazia com a minha avó na minha infância. Tirar areia do cabelo à chuveirada. Ter o privilégio de o ver crescer e aprender tanta, tanta coisa. Não aguentar o riso quando devíamos estar sérios porque ele fez alguma asneira. Ouvi-lo a perguntar 'porquê mamã, hm, porquê?'.
No fim tudo valeu a pena, mesmo com as mil tralhas que levámos, as birras em momentos desadequados, as noites desafiantes para quem não está habituado a partilhar quarto com o miúdo, a areia pelo ar na praia, as refeições sempre em alerta, a logística dos xixis, as corridas que o Mati dá para longe, o despertador automático às oito da manhã e por aí fora. Porque isso passa.
Mas estas memórias ficarão para sempre.
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