O primeiro trimestre da minha gravidez foi uma aventura. Descobri que estava grávida muito cedo, e os dias arrastavam-se numa lentidão desesperante. Morria de medo que acontecesse alguma coisa ao bebé. Morria de medo de não estarmos preparados para ser pais. Morria de medo de tudo aquilo que ia precisar de comprar ou tratar antes do bebé nascer. Morria de medo da mudança.
E morria de vontade que as semanas passassem.
No segundo trimestre piorei imenso dos sintomas da insuficiência mitral. Comecei a desmaiar todos os dias. Desmaiei sozinha em casa enquanto tomava banho. Fiquei de baixa. Passei longas semanas a viver na nossa casa em obras. Sentia-me constantemente cansada. Optei por mudar de obstetra. Vivia com o fantasma da viabilidade do bebé.
E morria de vontade que as semanas passassem.
O terceiro trimestre instalou-se. E, quando todas as outras pessoas parecem começar a desenamorar-se da sua gravidez, cá estou eu irremediavelmente apaixonada. Durmo mal, não consigo andar durante muito tempo, faço xixi de hora a hora (inclusivamente durante a noite) e pareço uma baleia. Mas falo imenso com a minha coisinha fofa. Vejo e sinto a minha barriga a mexer-se. Canto para ele. O Pedro conta-lhe histórias.
Finalmente apaixonei-me pela minha gravidez.
No entanto, esta questão da placenta veio estragar um bocadinho a nossa lua-de-mel. Precisamente quando estava a começar a divertir-me à brava, cá veio mais um dramalhão para me deixar cheia de dúvidas e inseguranças. Para morrer de medo.
E para morrer de vontade que as semanas passem.