12 de outubro de 2015

Iogurtes de pinacolada e uma desilusão.

But I can't do this all on my own,
No, I know, I'm no Superman...
I'm no Superman.

Lazlo Bane (genérico do Scrubs, a melhor série médica de sempre)




Uma das grandes vantagens de ser médica é a facilidade com que consigo recorrer aos serviços de saúde. Tenho colegas e amigos numa grande variedade de especialidades a quem posso colocar dúvidas, consigo diagnosticar imensas coisas e prescrever o tratamento necessário e raramente preciso de recorrer ao centro de saúde, à urgência ou ao hospital.

Assim sendo, é relativamente fácil desconhecer o verdadeiro estado do sistema nacional de saúde no nosso país.


A ajudar à festa, está também o facto do serviço onde trabalho ser espectacular. As primeiras consultas são relativamente rápidas (duas semanas a um mês depois do pedido feito pelo médico de família, e por vezes em alturas mais calmas até conseguimos fazer a primeira consulta na semana seguinte), não temos pressão superior para dar altas, mantemos as consultas de uma hora e, dependendo das características da agenda de cada um, conseguimos dar consultas semanais ou quinzenais (e sim, tudo isto acontece no SNS). O nosso único problema é a limitação física do nosso serviço, uma vez que somos dez médicos a dar consultas em apenas três gabinetes disponíveis.


Vai daí, os nossos utentes estão relativamente satisfeitos. E as condições com que me deparava durante o curso (hospitais praticamente decrépitos, com condições de higiene a roçar o duvidoso e com poucos recursos humanos e materiais) foram ficando cada vez mais distantes na minha memória.

Até ao dia em que precisei de recorrer a um serviço de saúde. Não disse que era médica: simplesmente dirigi-me ao local e pedi uma consulta. E a forma como fui tratada deixou-me indignada e frustrada.

Decididamente, o SNS está a morrer.


No fim, percebi que é cada vez mais difícil para as pessoas comuns terem acesso a bons cuidados de saúde. Percebi que estamos a descurar a prevenção em milhares (milhões?) de pessoas. Percebi que estamos a matar aos pouquinhos um dos melhores sistemas nacionais de saúde do mundo.


Mas também percebi que ainda há bons profissionais. Que há empatia. Que há pessoas que fazem uma ginástica incrível para que o impossível aconteça (e eu sei do que falo, até porque não é assim tão raro ficar sem hora de almoço para que o doente x ou y não tenha de faltar às aulas e possa vir à consulta a essa hora).


Mas entristece-me na mesma. Entristece-me que o meu e o vosso SNS esteja neste momento a ser suportado pelos ombros largos de médicos cansados, enfermeiros esgotados e auxiliares exaustos. Entristece-me que dependamos do auto-sacrifício de quem aqui trabalha para que as coisas corram menos mal. E entristece-me saber que se tivesse dito que era médica as coisas seriam muito mais fáceis.

Que país é este, onde o SNS já não serve (para) as pessoas?


Iogurtes de pinacolada

Ingredientes (para sete iogurtes):

* 540g de abacaxi cortado em pedaços;
* 50g de coco ralado;
* 50g de açúcar branco;
* 50ml de rum;
* Um litro de leite fresco gordo;
* Três colheres de sopa de leite em pó magro;
* Três colheres de sopa de açúcar branco;
* Um iogurte natural.

Confecção:

* Juntar o abacaxi, o coco ralado, o açúcar branco e o rum e aquecer em lume brando durante vinte minutos;

* Triturar com a varinha mágica e reservar;

* Numa panela colocar o leite, o leite em pó e o açúcar e mexer com uma vara de arames;

* Levar ao lume até ferver e deixar arrefecer;

* Quando estiver morno juntar o iogurte, misturando com a vara de arames;

* Colocar a compota de ananás nos copinhos e cobrir com o leite;

* Levar à iogurteira durante cerca de dez horas;

* Transferir para o frigorífico durante pelo menos quatro horas.



Até amanhã! :D