* Diabetes tipo 1 - surge essencialmente em jovens, associada a um processo auto-imune contra as células produtoras de insulina. A deficiência de insulina é absoluta, havendo necessidade de tratamento com esta hormona desde a altura do diagnóstico.
* Diabetes tipo 2 - é a mais comum e o seu desenvolvimento está associado a factores genéticos, a maus hábitos alimentares (alimentação rica em açúcar e hidratos de carbono) e a um estilo de vida sedentário. Ao longo dos anos, estes hábitos levam a um aumento da glicémia de forma crónica, e consequentemente a uma diminuição da actuação da insulina nas células e mais tarde à exaustão da produção desta pelo pâncreas.
Nos últimos estudos publicados sobre a diabetes em Portugal, estima-se que esta afecte cerca de 12% da população, encontrando-se a maioria das pessoas na faixa etária acima dos 60 anos. Estima-se ainda que uma parte significativa da população tenha diabetes mas desconheça o seu diagnóstico.
A diabetes afecta não só o pâncreas, mas também outros locais como o rim, o sistema nervoso periférico e a retina (olho). Adicionalmente, é um conhecido factor de risco cardiovascular - ou seja, os diabéticos têm mais predisposição para desenvolver doenças como o AVC (acidente vascular cerebral) e o enfarte agudo do miocárdio.
Aproximadamente 40% dos diabéticos têm complicações associadas à sua doença e a principal causa de morte é a doença cardiovascular. Daí advém a importância do rastreio da diabetes em indivíduos de risco:
* Obesos;
* Hipertensos;
* Com colesterol e/ou triglicéridos elevados;
* Acima dos 45 anos.
A diabetes é uma doença relativamente silenciosa, por isso não tem sintomas muito distintos e facilmente detectáveis. Os doentes com valores crónicos de glicémia muito elevados e deficiência de insulina surgem muitas vezes com aumento da sede (e consequentemente aumento do volume de urina), aumento do apetite e emagrecimento. No entanto, isto acontece apenas em estadios avançados da doença!
O diagnóstico da diabetes baseia-se na detecção de níveis elevados de glicose no sangue. O tratamento inicial consiste na instituição de um estilo de vida saudável, através do exercício físico e de uma dieta equilibrada. Se estas medidas não forem suficientes, opta-se por medicamentos que actuam, por exemplo, de forma a melhorar a sensibilidade das células à acção da insulina. Mais tarde, poderá existir a necessidade de uma terapêutica com insulina.
Bernardo Marques frequentou o mestrado integrado em Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa. É actualmente médico interno da formação específica de Endocrinologia.