21 de outubro de 2014

Nutella caseira paleo (sem açúcar) para uma criança apaixonada por... Tulicreme! :D

When I was young
It seemed that life was so wonderful,
A miracle, oh it was beautiful, magical.
And all the birds in the trees
Well they'd be singing so happily,
Joyfully, playfully watching me.

But then they send me away
To teach me how to be sensible,
Logical, responsible, practical.
And then they showed me a world
Where I could be so dependable,
Clinical, intellectual, cynical.

There are times when all the world's asleep,
The questions run too deep for such a simple mind.
Won't you please, please tell me what we've learned?
I know it sounds absurd please tell me who I am...

Supertramp


Quando eu era criança não havia ainda a cultura dos docinhos, por isso cresci a comer coisas estranhas como açordas variadas, farinha de pau e sopa de miolos de vaca, e só comia guloseimas no Natal, no meu aniversário ou nas festinhas dos meus amigos.

Compreensivelmente, fazia uma festa dos diabos sempre que podia comer um doce fora das situações previamente descritas. Devia ser a única criança da história que adorava ir ao médico (nunca me vou esquecer dos queques da pastelaria em frente ao meu oftalmologista), gritava de alegria quando ia fazer análises (nham nham croissants mistos da confeitaria na rua da igreja) e adorava passar longas tardes a visitar familiares (mesmo aqueles que me apertavam dolorosamente as bochechas).


De todos os meus familiares, a que eu gostava mais de visitar era a minha tia Mila: ela tinha sempre Tulicreme guardado no frigorífico e costumava fazer-me umas sandinhas absolutamente deliciosas a transbordar deste creme de chocolate. E aquilo sabia-me de tal forma bem que me lembro que fiquei vagamente desapontada da primeira vez que comi Nutella porque esperava que fosse semelhante a Tulicreme.

Manteiga de avelãs
Entretanto o tempo passou. Eu cresci, e infelizmente com a minha mudança para Lisboa deixei de visitar a minha tia Mila. A Nutella passou a fazer parte da minha lista de compras, das minhas receitas e da minha vida, e nunca mais comi Tulicreme.

Há duas semanas fui visitar a minha tia. Tudo nela continua igual, eu estou incrivelmente diferente. Cresci. Sou médica, tenho um blog e um livro, sou casada e sou de Lisboa. Mas dentro do meu coração ainda bateu silenciosamente aquela expectativa infantil: será que aí vinha uma deliciosa sandes de Tulicreme?

Não veio. Parece que crescer tem destes aborrecimentos.


À falta de melhor, tentei combater o desconsolo comendo Nutella caseira. E tal como há uns anos fiquei vagamente desapontada. Porque a Nutella sabe bem, mas nada sabe tão bem como as memórias felizes da infância :)


Nutella paleo (receita adaptada do blog 'Nem acredito que é saudável!')

Ingredientes:

* Uma chávena de chá de avelãs;
* Quatro colheres de sopa de cacau em pó;
* Duas colheres de sopa de manteiga;
* Três colheres de sopa de leite de amêndoas (ou de avelãs);
* Duas colheres de sopa de mel;
* Uma pitada de sal;
* Meia colher de chá de essência de baunilha natural.

Confecção:

* Levar as avelãs ao forno durante quinze minutos e esfregar com um pano para retirar a pele;

* Picar durante cinco minutos até se formar manteiga de avelã;

* Juntar os ingredientes restantes e passar tudo novamente até obter um creme suave;

* Colocar mais mel ou leite, se necessário;

* Conservar no frigorífico.



Até amanhã! :D