Quando eu era miúda os meus pais foram a Atenas, creio que em trabalho ou a fazer escala para outro sítio qualquer. Não me lembro dos detalhes, mas lembro-me do feedback: Atenas era uma cidade confusa, suja, desorganizada, caríssima, insegura e no geral desinteressante (e estamos a falar das pessoas que gostavam da Ásia, e na altura eu não conseguia imaginar nada mais confuso do que as cidades asiáticas).
Os anos foram passando, e outras pessoas que conhecia foram repetindo esta narrativa: só vale a pena fazer escala de um dia, cafés a seis euros, cuidado com as carteiras, tudo em obras, monumentos vazios de objectos históricos.
Em Junho o Pedro tinha um congresso em Atenas. O primeiro dia era Sábado, e pareceu-me a oportunidade ideal para ir formar a minha própria opinião: podia ir passar o fim-de-semana com ele e depois regressar a tempo de manter as rotinas dos miúdos durante a semana, dois dias seriam suficientes para uma 'cidade-escala'.
Durante o planeamento pesquisei dicas no sempre sábio blog da Adriana Miller, e a dada altura ela diz que Atenas é o Rio de Janeiro da Europa. E eu comecei a ficar entusiasmada: afinal, adorei o Rio de Janeiro (cidade da qual também várias pessoas falam menos bem).
No fim, amei Atenas. Na altura escrevi no Instagram que Atenas é uma cidade onde vive gente, e continuo a pensar o mesmo. Em cada esquina de Atenas sentimos que estamos perante a História, assim, com letra grande. Há milhares de anos que vive gente ali, gente que deixa roupa pelo chão e migalhas pelas bancadas, gente que ama e luta e vive e morre, gente que veio e foi.
Atenas foi uma surpresa das boas, uma lavagem da alma e uma lágrima fácil perante a sensação de imensidão do que ali está. Talvez um bocadinho como o Rio de Janeiro, sim. Acima de tudo, como Atenas. Porque Atenas só é igual a si própria.
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