Nunca fui grande fã da Páscoa. Em casa dos meus pais não era propriamente uma festa muito '
child-friendly': tinha de acordar cedíssimo, vestir uma roupa frufru qualquer, esperar pelo compasso, beijar uma cruz toda babalhada, ir para uma missa chatíssima e voltar para uma mesa com cabrito (não gosto), arroz de miúdos (não gosto), esparregado (gosto que só adquiri na vida adulta) e batatas assadas (basicamente a única coisa que eu comia). Na altura não havia prendas de Páscoa nem nada que se pareça: a minha madrinha mandava-me cinco contos pelo correio (o que era imenso dinheiro na altura), havia aquelas amêndoas de açúcar que eu não gostava (as amêndoas de chocolate só chegaram à ribalta mais tarde para os nossos lados) eeeee fim.
Curiosamente, agora recordo com imensas saudades esses momentos. O meu avô vivo, nós a ir à missa na Igreja da Lapa, a eterna discussão sobre o cabrito, os cinco contos que depois usava para comprar lápis novos no quiosque e coxinhas na pastelaria da rua da igreja no intervalo da catequese, o meu pai a reclamar porque eu cantava ou ouvia música na Sexta-feira Santa, todas estas memórias transportam-me para a minha infância e fazem-me sentir uma felicidade que garanto-vos que não sentia na altura.
Acabámos por transportar cá para casa a falta de tradições pascais das nossas famílias. No entanto, nos últimos anos confesso que senti o regresso do entusiasmo, e a Páscoa acabou por transformar-se num momento de festa onde estamos com as nossas famílias - inclusivamente no ano passado os primos do Brasil do Pedro (que eu já não via desde que lá fomos em 2015) vieram a Portugal na Páscoa e foi óptimo revê-los.
Este ano íamos passar a Páscoa com os meus pais e estávamos super entusiasmados - afinal, era a primeira Páscoa da Gabi. Os planos mudaram, e honestamente o Domingo de Páscoa foi, para mim, o dia mais difícil de toda esta quarentena até agora. Tínhamos combinado almoçar em vídeochamada com os meus pais mas acabámos por almoçar cedo (com os miúdos a hora de almoço cá em casa é por volta das 12.30h, e os meus pais almoçam às 14h), depois o Matias entrou em modo azeitanço máximo e foi logo de requitó dormir a sesta, a Gabriela dormiu das 13h às 15h... Por isso eu e o Pedro almoçámos e às 13.30h já estávamos sentados no sofá, os dois de roupa de andar por casa, barriga ainda cheia das comidinhas da festa de anos dele no dia anterior, adeus Páscoa. A Joana esteve de urgência, o Bernardo esteve sozinho em Coimbra, o meu irmão está de quarentena com a namorada, 'todos uns para cada lado', como diria a minha avó.
Viver longe das nossas famílias é, em muitas coisas, um hábito. Para nós, não ver os nossos pais durante um mês ou dois não nos causa sofrimento: é normal. Já estamos habituados a que eles vejam os miúdos crescer pelos ecrãs do telemóvel. Já estamos habituados a trocar abraços de dois em dois meses. Mas nos dias de festa, lá estamos nós. Nos aniversários, na Páscoa, no Natal, há sempre família para abraçar. Nesta Páscoa só nos tivemos uns aos outros, e embora isso seja mais do que suficiente nos dias normais, neste não foi. Este foi um dia triste.
Mas enfim, o Matias e a Gabriela divertiram-se. Brincaram, comeram, andaram na palhaçada, dormiram, o Matias fez bolhinhas de sabão e a Gabriela viu, foi um dia divertido para eles. Só espero que tenham sido boas memórias de Páscoa :)
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A Joana e o Bernardo mandaram entregar um ramo de flores cá em casa no Domingo de Ramos. Uma semana depois as flores ainda estavam óptimas, por isso eu desfiz o ramo e fiz três arranjos para decorar a mesa da Páscoa :D |
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Coelho de chocolate que o Matias andou a comer às escondidas |
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Mais uma vez, a grande maioria das coisas veio do site da Docinho de Açúcar. Encomendei num dia e os CTT entregaram no dia seguinte :) |
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Tecnicamente chama-se só salsa vá, mas em casa dos meus pais sempre chamámos 'molho de salsa' :D |
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Fiz este bolo de chocolate da Sally com uma data de aldrabices. Fiz três camadas e não quatro, e como o bolo pegou na forma só consegui aproveitar duas camadas. Vai daí, fiz novamente outro bolo, mas desta vez como já não tinha cacau usei a mesma receita mas substituindo o cacau por farinha. Como o bolo leva café, ficaram quatro camadas, duas de chocolate e duas de café. A ganache pareceu relativamente líquida, e como tinha colocado mousse à volta do bolo também, a ganache acabou por 'aderir' à mousse e ficou uma espécie de cobertura híbrida. Ficou óptima, por isso não me queixo :D As orelhas de coelho fiz com feltro que tínhamos cá em casa do fato de Carnaval de bolacha da Gabriela, colei em palitos para espetadas e espetei no bolo :) |
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Quadro que já tínhamos, creio ter vindo da Docinho de Açúcar também |
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Depois de muitas conversas sobre o que iríamos comer (em casa dos meus pais come-se cabrito mas eu não gosto, em casa do Pedro não há uma tradição específica), acabámos por decidir comer 'alguma coisa de forno'. Ora, eu não gosto de cabrito nem de borrego, só como peito de frango por isso assar um frango também seria um desperdício... Pensámos em arroz de pato, polvo assado ou empadão. O arroz de pato ganhou :) |
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Creme de cenoura |
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Mais flores que estavam no ramo dos padrinhos e um coelho de peluche que a Joana ofereceu à Gabriela |
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Também já faltavam amêndoas -.- |
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Balão da Docinho de Açúcar |
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Já tem este carrinho desde que nasceu :D |