Há dois anos atrás, a Joana do passado decidiu ir super grávida para a Serra da Estrela, cheia de bazófia, sozinha e sem avisar ninguém. A dada altura atolei o carro, naquele que foi um dos momentos mais assustadores da minha vida. Fiquei tão traumatizada que nunca mais voltei à Serra da Estrela, apesar do Pedro ter sugerido levarmos lá o Mati ainda no fim de 2016.
Os meses foram passando, e no início de 2017 começámos a programar as nossas viagens. Queríamos visitar algum sítio cá dentro, mas o quê? Já conhecíamos razoavelmente bem o Alentejo, o Pedro boicotou Sesimbra porque 'passamos a vida lá metidos', não nos apetecia ir ao Gerês, o Pedro conhece muito bem o Oeste, estávamos com vontade de alugar uma casinha com lareira e ficar a pastelar... E pronto, lá surgiu a ideia de regressarmos à Serra da Estrela no fim do ano. Reservámos uma casinha, eu fiz um dos meus já famosos planos de viagem e ficámos à espera.
Duas semanas antes de irmos, o proprietário da casa enviou-me um mail a dizer que o terreno (com sete hectares) tinha ficado completamente destruído no incêndio que afectou a região em Outubro. A casa estava operacional mas a região envolvente estava queimada, e o senhor propunha adiarmos a nossa estadia. Ainda pensámos seriamente em ir na mesma (até para podermos contribuir financeiramente para a recuperação da região), mas falámos com vários amigos e colegas de trabalho de lá que garantiram que não era de todo uma boa altura.
Vai daí, decidimos adiar a viagem para Março. Já estaria um tempo aceitável - pensávamos nós -, já tínhamos terminado os nossos exames - pensávamos nós - e poderíamos finalmente fazer as pazes com a Serra da Estrela.
Só que não.
Naquele que foi um dos dias mais surreais da minha vida, o meu exame foi novamente adiado, um dos trabalhos que ia fazer foi cancelado... E o proprietário da casa ligou a dizer que a estrada que levava até à casa estava completamente alagada por causa do mau tempo dos últimos dias e que teríamos de adiar novamente a viagem que íamos fazer... No dia seguinte!
Desta vez optámos por não adiar a viagem, mas cancelá-la mesmo. Achámos que este era um qualquer sinal divino para que não fôssemos para a Serra da Estrela, e decidimos dar-lhe ouvidos.
No entanto, queríamos mesmo ir de férias. Já tínhamos os dias tirados, estávamos ambos a precisar de descansar e de namorar e não queríamos ficar em casa de pijama a rezingar pelos cantinhos, por isso liguei à minha agência de viagens e disse algo do género 'Mafalda, daqui a doze horas quero estar numa casa com lareira, de preferência num sítio com um tempo menos tenebroso'.
Foi assim que acabámos no Cerro da Fontinha, em Odeceixe. Passámos os dias seguintes a descobrir novamente o Parque Natural do Sudoeste Alentejano, a Costa Vicentina e um bocadinho do Algarve, e ainda deu para visitar o Cais Palafítico da Carrasqueira e dar um saltinho a Alcácer do Sal!
Podia dizer um montão de coisas sobre esta viagem. Podia falar-vos do Cerro da Fontinha, com as suas casinhas amorosas e com um pequeno-almoço dos céus. Podia falar-vos de como nós, assumidamente não-fãs de praias, acabámos a parar em todas as capelinhas para admirar aquelas paisagens lindas. Podia dizer-vos que engoli todas as minhas opiniões sobre o Algarve e que até já ando a chatear o Pedro para voltarmos (!) para fazermos praia (!!) em Agosto (!!!). Podia contar-vos do quanto queria regressar a Sagres, só para descobrir depois que afinal as memórias felizes que eu tinha não eram de Sagres. Podia falar-vos da comida alentejana (ai meu Deus, a comida!), que nos fez voltar para casa a rebolar.
Em vez disso, vou mostrar-vos as fotos e deixar que as imagens falem por si. Decididamente, há males que vêm por bem.
|
|
|
|
|
|