Não, o miúdo ainda não nasceu. Aliás, estou convencida que depois de tantos vaticínios dramáticos agora vamos mesmo aguentar até ao fim.
Mas esta semana não tem sido nada fácil. Duas pessoas de quem gostamos muito estão neste momento a lidar com dois diagnósticos bastante graves, e no meio de todo este processo confesso que temos andado muito mais introspectivos.
Por um lado, estas situações confrontam-nos com o facto de já não sermos os pequeninos da família. Agora, também nós somos chamados ao papel de cuidadores e somos, juntamente com os nossos pais, parte da geração do meio - a que precisa de cuidar das crianças e dos idosos.
Por outro lado, também somos confrontados com a própria fragilidade da vida. Acho que nesta fase é muito fácil sentirmo-nos invencíveis: trabalhamos, somos independentes, viajamos, saímos, divertimo-nos, temos uma família que nos ama, temos bons amigos e temos uma energia descomunal. E, de repente, a vida dá um pontapé no traseiro de alguém de quem gostamos muito e nós percebemos que não somos assim tão fortes quanto isso. Que podíamos ser nós. E que, se fôssemos nós, havia também um bebé na equação.
Há uns meses estava no banho e pensei no quanto os meus pais têm sido impecáveis nos últimos meses. O quanto nos têm apoiado nesta transição, sem serem invasivos. E de repente pensei:
'Bolas, os meus pais são mesmo os adultos mais fixes que conheço.'
E a realidade bateu-me com força. Agora eu também tenho de ser a adulta mais fixe que conheço. E ser adulto não implica apenas trabalhar que nem um cão, fazer o nosso próprio IRS, pagar as contas e viajar: implica encontrar novamente o nosso lugar na vida e aprender a lidar com os desafios que as novas fases vão trazendo. Os bons, mas acima de tudo os maus.
Por isso, sinceramente não estou com grande vontade de escrever. Continua tudo bem connosco, sinto-me impecável no fim da gravidez, tenho imensa energia e durmo que nem um anjinho. Tenho ocupado os meus dias a planear as viagens deste ano dos meus amigos (porque eles sabem que adoro e que preciso de me distrair) e estamos serenamente à espera que a nossa coisinha fofa decida aparecer para tornar a nossa vida mais mimosa.
Vou dando notícias :)