Por aqui os dias seguem-se uns aos outros numa tranquilidade que me faz comichão na alma. Depois de ter passado mais de metade da gravidez completamente imersa em trabalho, obras, remodelações, compras, exames e consultas médicas, agora abro a agenda e deparo-me com páginas vazias.
O cenário desértico começou a ser tão triste que agora até escrevo na agenda quando é que a nossa empregada vem... Embora isso aconteça sempre no mesmo dia e na mesma hora.
Inicialmente era a dor ciática que me impedia de sair de casa. Quando fiquei melhor da dor, apanhei uma virose horrível e fiquei de cama. Agora que estou finalmente a melhorar da virose, ficou um tempo tenebroso.
Além disso, e a bem da verdade, já está tudo orientado. O quarto está pronto, as roupinhas estão nas gavetas, os livros estão nas prateleiras, as fraldas estão armazenadas, a casa está acabada e as malas da maternidade estão feitas. Tenho o congelador a postos para a fase do pós-parto e até congelei fatias de bolo para oferecer às visitas. Esta semana tratei finalmente da depilação. Já não há nada para fazer.
Estou agora longe dos dias passados a calcorrear o IKEA e a perder a cabeça na H&M, mas confesso que sinto uma falta danada disso. Afinal, eu sempre soube que era a ansiedade que me fazia funcionar.
O que sobra? Descansar muito. Dormir sestinhas. Ver séries (agora passei do Poirot para o Scrubs, que já tinha visto há uns aninhos bons mas que estou a adorar rever!). Planear a nossa hipotética viagem a Santorini. Esperar. Desesperar.
Fisicamente estou impecável, mas confesso que estou a achar esta a fase mais chata da gravidez. A espera. A inércia. O cenário desértico na agenda.