Ando novamente a passar uma fase mais caladinha. Desde a ecografia das 32 semanas que vivo a questionar-me se estará tudo bem, se a nossa coisinha fofa vai decidir nascer hoje, se estará a crescer, se estarei a descansar o suficiente e um sem fim de medos que as mães desse lado certamente compreenderão.
Entretanto repeti a ecografia na semana passada com o colega que declarou o óbito da minha placenta e que desta vez vaticinou que claramente não duro até às 37 semanas de gestação.
E embora esteja tudo aparentemente bem por agora, não consigo ser racional com isto. Aqui, agora, não consigo ser a médica. Não consigo confortar-me como faço com os meus doentes. Sou apenas uma mãe a morrer de preocupação com a possibilidade de algo estar menos bem, a saltitar entre a vontade que o meu filhote nasça já para o poder proteger e a vontade que ele fique dentro da minha barriga a crescer mais um bocadinho.
Estar de repouso por causa da dor ciática não ajuda rigorosamente nada. Se noutras alturas combatia as preocupações a sair, a ir às compras, a arrumar coisas ou a pintar mobília, agora resta-me ver séries, ler, planear as viagens dos próximos vinte anos e esperar que as horas passem.
Porque amanhã é sempre outro dia.
Entretanto, o meu bão pequenino continua na vidinha dele. Gosta de morangos e de ananás. Gosta da voz do papá. Espreguiça-se um montão de vezes. Dorme a noitinha toda. Tem 35 semanas.
E eu estou mais caladinha. O Pedro diz sempre que eu só estou calada quando estou doente, mas acho que estou simplesmente com vontade que o dia de amanhã chegue. E o depois de amanhã. E o depois desse.
Porque amanhã vai ser melhor. É sempre. E as publicações sobre o curso de preparação para o parto e as massagens na pipi vão aparecer eventualmente.
Até lá, estou simplesmente a passar uma fase mais caladinha.