O primeiro decorreu na sequência de ter visto o vídeo abaixo, onde uma equipa de veterinários coloca uma prótese na perna de uma vaquinha que depois aparece toda contente a saltar no campo. Vi o vídeo de manhã e emocionei-me um bocadinho - acho que precisam de estar mortos por dentro para não acharem o vídeo carinhoso -, mas rapidamente fiquei distraída com outra coisa qualquer e nunca mais pensei no assunto.
Umas horas depois estava na cama abraçadinha ao Pedro quando o tema da minha quinta surgiu. Disse-lhe que ultimamente andava a pensar que seria muito difícil realizar o meu sonho de ter uma quinta e que ficava melancólica quando pensava nisso. De repente, o Pedro disse algo como 'Olha, hoje vi um vídeo de uma vaquinha com uma prótese numa perna'.
O que se seguiu foi o maior ataque de choro da história. A sério, aquilo foi um 'release the Kraken' de proporções catastróficas, com direito a lágrimas a correr em cascata e soluços infindáveis. O Pedro ficou sem saber como reagir, enquanto eu verbalizava por entre fungadelas coisas como:
'Nunca vou ter uma quintaaaaaaaaaa.'
'Coitada, ela tinha uma perninha magoadaaaaaaaaaaaaa.'
'Viste-a a saltar no campo? Também quero ter vaquinhas que saltem no campooooo.'
Meia hora depois lá acalmei e adormeci. E no dia seguinte senti-me seriamente envergonhada pela figurinha triste da noite anterior.
E chegámos a ontem, o dia em que tive o meu segundo 'nervous meltdown'. Passei o dia demasiado atarefada com questões das obras, e pelo meio consegui (depois de, literalmente, horas de tentativas!) desmontar o nosso chuveiro antigo e montar o novo. Já tínhamos tentado no dia anterior e o Pedro não tinha conseguido, mas eu achei que talvez com a minha recente sorte para estas coisas fosse bem sucedida.
E consegui. Montei o chuveiro.
Ora ontem o Pedro esteve a fazer doze horas de urgência. Acordou às sete, trabalhou das oito às vinte e saiu directamente para o jantar de aniversário de uma amiga nossa que durou até à meia-noite. E quando finalmente bateu com o lombinho na cama, às duas da manhã, eu decidi novamente libertar o Kraken por entre lágrimas e soluços.
'Montei o chuveiro e quando te contei ao jantar não me ligaste nenhumaaaaaaaaa.'
'Eu sei que demorei meia hora a contar detalhadamente todos os passinhos, mas ficaste com ar de quem não queria sabeeeeeeeeeeeer.'
'Só disseste 'que bom!' e não fizeste um tom orgulhosooooooooo.'
'Não dás valor às coisas que façoooooooo.'
Hoje passei novamente pela vergonha pós-figurinha triste. Não sei mesmo o que me deu. É verdade que sempre tive tendência a ser * tosse * emotiva * tosse *, mas nunca ao ponto de fazer este tipo de ceninhas excessivamente dramáticas.
O que vale é que achamos sempre graça a isto depois. E que ainda hoje nos rimos à gargalhada sempre que nos lembramos de mim aninhada contra o Pedro, à uma da manhã, a soluçar:
'Coitada, ela tinha uma perninha magoadaaaaaaaaaaaaa.'
Decididamente, ter tantas hormonas em circulação não é fácil.