'The more I learn about people, the more I like my dog.'
Mark Twain
Numa fase inicial, confesso que temi que trabalhar na área da saúde mental infantil me fizesse perder a capacidade de acreditar na bondade das pessoas. Efectivamente, não é de todo fácil ouvir diariamente as histórias reais que chegam à minha consulta: relatos feitos por crianças abusadas, negligenciadas, maltratadas ou abandonadas, muitas vezes (infelizmente, demasiadas vezes), pelos próprios pais ou familiares.
E, numa fase inicial, realmente deixamos de acreditar na bondade das pessoas.
É frequente ouvir e ler por aí pessoas que dizem que quanto mais conhecem as pessoas, mais gostam dos animais. E, apesar de tudo, nove meses depois de ter começado a trabalhar como interna da especialidade eu tenho o meu próprio lema: quando mais conheço as pessoas, mais gosto das pessoas.
(Embora também goste muito de animais, atenção.)
Como é que consigo? - perguntam as minhas pessoas. Como é que aguento ouvir este tipo de coisas e continuar a acreditar que há esperança, que há pessoas boas, que há amor ao próximo?
Talvez seja inocente. Talvez seja excessivamente optimista. Talvez viva num mundo demasiado cor-de-rosa. Só sei que um dia fiz uma espécie de super teste das religiões (uma coisa altamente científica, obviamente!) e a conclusão foi que sou uma humanista.
A minha religião são as pessoas. A minha entidade superior é a vida. A minha missa é sair à rua e ver a vida a acontecer, todos os dias, a toda a gente.
E é talvez por isso que o meu maior medo é tornar-me amarga. Não é envelhecer, não é engordar, não é empobrecer e não é adoecer: é deixar de acreditar na luz que vive dentro dos nossos corações.
Eu sei que existem por aí pessoas muito perturbadas. Trabalho com elas. Sei histórias que vos deixariam acordados toda a noite, a pensar como é possível alguém fazer algo semelhante.
Mas também sei que no dia em que perder a fé, perderei também a vontade de saborear a vida. Por isso deixem-me continuar a acreditar nas pessoas.
Porque se até um bolo delicioso pode conter courgette, então ninguém me diz que a vida não pode conter alguns ingredientes mais desagradáveis. O truque é afastarmo-nos e concentrarmo-nos no resultado.
Bolo de courgette com chocolate e morangos
Ingredientes:
* Três ovos;
* Uma chávena de óleo;
* Uma colher de chá de essência de baunilha;
* Uma chávena e meia de açúcar;
* Duas chávenas de courgette ralada;
* Três chávenas de farinha;
* Uma pitada de sal;
* Uma colher de chá de fermento;
* Uma colher de chá de bicarbonato de sódio;
* 100g de pepitas de chocolate de leite;
* 100g de morangos partidos em cubinhos,
Confecção:
* Bater bem os ovos com o óleo, a essência de baunilha e o açúcar;
* Incorporar a courgette ralada, continuando a bater;
* Juntar a farinha, o sal, o fermento e o bicarbonato de sódio, envolvendo bem;
* Incorporar as pepitas de chocolate e os cubinhos de morango;
* Colocar numa forma de bolo inglês previamente untada e levar ao forno pré-aquecido a 180º durante cerca de uma hora;
* Deixar arrefecer durante trinta minutos antes de desenformar.
O bolo ficou meio tosco porque partiu-se quando o desenformei, mas garanto-vos que é delicioso e bem fofinho :D
Até amanhã! :)