'The measure of intelligence is the ability to change.'
- Albert Einstein
Eu sempre fui uma miúda esperta. Na primária era a mais rápida a terminar os trabalhos e sempre tive óptimas notas. Quando entrei no ciclo já sabia matéria do 6º e do 7º ano. Quando cheguei ao 7º afundei-me um bocadinho - sem dúvida prejudicada pela minha fase de adolescente revoltada - mas consegui sempre tirar notas bem razoáveis embora não estudasse um bacalhau.
No secundário esforcei-me à brava e acabei o 12º ano com 20 a todas as disciplinas (menos a educação física, não se pode ter tudo na vida). E também não me safei nada mal na faculdade, embora não fosse propriamente a pessoa mais estudiosa do mundo.
No fim cheguei onde quis, e hoje sou interna da especialidade que escolhi.
Lendo as afirmações supracitadas parece que estou a confundir inteligência com concentração e métodos de estudo, mas isso não é verdade. Sempre tive uma boa capacidade de resolução de problemas, sempre acedi facilmente ao raciocínio lógico sem perder a capacidade de me envolver no pensamento abstracto e sempre compreendi as situações que me eram propostas. Nunca tive qualquer dificuldade em comunicar, aprender, memorizar, planear, resolver os meus problemas ou imaginar situações novas.
Até que comecei a trabalhar.
Não sei se é cansaço, preguiça ou distracção, mas na verdade hoje em dia não me sinto tão brilhante como no passado. A minha capacidade de resolução de problemas tirou férias, o meu raciocínio lógico está incrivelmente lento, dedicar-me ao pensamento abstracto tornou-se mais difícil e a compreensão de situações novas exige mais calma. Aprender é mais demorado e memorizar é tremendamente desafiante.
E, no meio disto tudo, eu fico doida de medo. Será que estupidifiquei?
Há uns meses aconteceu algo que julgo ser um exemplo perfeito do que vos descrevo. Fui tirar um dente do siso e demorei uma semana inteira a conseguir mastigar. Eventualmente fartei-me de beber batidos ou comer gelados artificiais, por isso decidi pôr em prática uma ideia que tinha visto num blog há pouco tempo: fazer frozen yogurt em casa, em poucos minutos.
Juntei os ingredientes, fiz a receita e sentei-me no sofá muito satisfeita comigo própria: fazer frozen yogurt mais saudável era sem dúvida uma ideia brilhante. Até que levei a primeira colher à boca e apercebi-me de um problema gigante:
Os morangos têm sementes. As sementes enterram-se no buraquinho do dente inexistente. Isso dói.
Capacidade de resolução de problemas? Zero.
Raciocínio lógico? Zero.
Pensamento abstracto? Zero.
Planeamento adequado? Zero.
Bolas.
No entanto, nunca fui particularmente adepta de ficar a choramingar sobre as coisas que gostaria de mudar, por isso meti mãos à obra. Recomecei a ler, voltei a cultivar o meu conhecimento e tenho dedicado mais tempo para ficar, simplesmente, a pensar em coisas. Revi as minhas prioridades e decidi valorizar o descanso físico e mental. Voltei a incentivar as discussões filosóficas no meu grupo de amigos.
Hoje não sei se estupidifiquei ou não. Mas sei que aprendo coisas novas todos os dias, mesmo que sejam curiosidades engraçadas e pouco importantes. Sei que voltei a dedicar tempo a aumentar a minha cultura geral e a promover a minha saúde mental. E sei que não me vou deixar vencer sem dar luta.
Frozen Yogurt de morango (saudável) (receita adaptada do blog 'Just a Taste')
Ingredientes (para uma taça):
* Duas chávenas de cubinhos de morango congelados;
* Uma colher de sopa de mel;
* Quatro colheres de sopa de iogurte grego;
* Uma colher de sopa de sumo de limão.
Confecção:
* Picar tudo no robot de cozinha até ficar cremoso!
Até amanhã! :D