5 de dezembro de 2019

Operação pós-parto.

Quando entrei na faculdade (ou seja, já adulta) tinha um peso entre os 55 e os 60 quilos. Sentia-me bem, achava que estava porreira e tinha uma auto-estima razoável. 

No início de 2008. Já passaram praticamente doze anos :O
Depois vim viver com o Pedro e as coisas descontrolaram-se um bocadinho. Não tínhamos horários fixos e comíamos o que queríamos (ou seja, porcarias), por isso três anos depois já tinha mais dez quilos do que o meu habitual. As fotografias do Inter-Rail foram o catalisador para o início de uma dieta que, esperava eu, me faria perder quinze quilos e voltar aos meus confortáveis 55kg.

Em 2010, durante a viagem de comboio entre Paris e Brugges :)
Não foi isso que aconteceu, e um ano depois fui diagnosticada com uma anorexia nervosa. Perdi trinta quilos, deixei de menstruar, fiquei magra como um espectro e toda a minha vida girava à volta da comida e do peso. Comecei a fazer psicoterapia e recuperei, do corpo e da alma. O meu corpo permitiu-me fazer isso.

Em 2011, nas Maldivas, já em recuperação
Passei os anos seguintes novamente entre os 55 e os 60 quilos. Era o peso que tinha quando casei. Era o peso que tinha quando engravidei.

Em 2014, na Queima das Fitas dos nossos afilhados da Faculdade
Durante a gravidez do Matias ganhei 25 quilos. Fiquei em casa cedo, de repouso por causa da questão cardíaca, comia que nem uma lontra e mal me mexia. Tenho zero arrependimentos sinceramente. Passei a gravidez tranquila nesse sentido, até porque sabia que depois dele nascer tinha tempo para recuperar o meu peso habitual - afinal, se há pessoa com jeito para fazer dieta sou eu, que até fiquei chanfrada à conta disso.

Uma semana depois do Matias nascer eu já tinha menos dez quilos. Sobravam quinze. Um ano depois do Matias nascer eu continuava com esses quilos a mais. Não estava preocupada, não estava motivada e, acima de tudo, não estava disponível. Sentia-me bem. Sentia que o meu corpo me tinha permitido ter uma gravidez de termo, fazer nascer o meu filho e tratar dele. Estava agradecida.

Em 2017, na festa de aniversário do Matias
Quando deixei de estar, fiz dieta. Em Dezembro de 2017 já estava novamente no meu peso habitual, a sentir-me bem e terrivelmente agradecida ao meu corpo por tudo o que me permite viver.

Em 2018, nas Bahamas
No ano passado o Pedro terminou a especialidade, e com isso vieram meses de estudo intensivo, rotinas baralhadas... E muitas refeições aldrabadas. Voltei a ganhar dez quilos... E depois engravidei novamente.

Na gravidez da Gabriela voltei a ganhar 20 quilos. Desta vez tive mais cuidado, mas também não posso dizer que tenha tido muito. Fiz o que quis e comi o que me apeteceu, e mais uma vez tenho zero arrependimentos. Passei a gravidez tranquila nesse sentido. Sabia que depois dela nascer tinha tempo para recuperar o meu peso habitual.

A Gabriela nasceu e eu tenho agora menos 10 quilos. Mas continuo com 20 quilos a mais em relação ao peso com que me sinto confortável. E ontem, quando a Célia mandou as provas da nossa sessão de fotos de Natal (estão amorosas mesmo, depois quando tiver a versão final mostro!), senti-me pronta para começar este percurso.

Há duas semanas e meia :D
Assim sendo, parece que vou passar uma parte de 2020 a fazer dieta. Mas isso sinceramente não me assusta. Há menos de um ano estávamos reunidos na minha cozinha quando bateu a meia-noite do dia 31 de Dezembro, e eu lembro-me de fechar os olhos e desejar com todas as minhas forças engravidar em 2019. Um ano depois, engravidei. Tenho uma filhota. E o ano passou a voar.

O meu corpo permitiu-me crescer, recuperar da anorexia, engravidar duas vezes e ter dois filhos lindos que amo com todas as minhas forças. Só tenho razões para o venerar e para lhe agradecer muito. Também tenho razões para o tratar como ele merece. Por isso, vamos a isto!