4 de dezembro de 2019

Mati e Gabi.

O Matias foi um bebé relativamente tranquilo. Teve ali uma fase entre as duas semanas e os dois meses em que chorava bastante entre as 21h e as 23h (o que frequentemente se acha que serão 'cólicas', mas que nós achávamos que era mais 'azeitanço'), e fora isso era um bebé-come-e-dorme. Como parecia dormir pior no nosso quarto (e nós claramente dormíamos mal com ele lá) passou para o quarto dele com um mês e passou a dormir relativamente bem. Com o tempo foi espaçando as mamadas e por volta dos cinco meses já dormia a noite toda (depois entre os sete e os onze bateu-lhe em cheio o surto de desenvolvimento do andar e acordava umas dez vezes durante a noite, mas quando isso passou voltou a dormir que nem um santo).

A Gabriela já é diferente. É adepta fervorosa de estar de goela aberta a berrar como se alguém a estivesse a matar (juro que penso que vou pôr a miúda nas aulas de canto o mais cedo possível, porque claramente resistência tem ela). Parece preferir o horário do berranço entre as 19h e as 2h, mas na verdade gosta de exercitar as cordas vocais a qualquer altura. Durante horas e horas seguidas.

Eu sempre fui relativamente imune aos choros, quase ali a roçar a psicopatia. Não me faz confusão nenhuma, não me importo, fico como se nada fosse. Conseguia fazer 16h de urgência de pediatria na maior sem ficar com os ouvidos cansados, adormecia naqueles voos tenebrosos em que os bebés choram o tempo inteiro e nunca entrei em pânico quando o Matias chorava. E depois chegou a nossa cantora.

Modéstia à parte, continuo a não entrar em pânico. Mas isso acontece porque claramente não há rigorosamente nada que possamos fazer: quando a Gabriela decide chorar nada a convence a fechar aquela matraca, nem colo, nem leite, nem chucha, nem orações a Deus Nosso Senhor. Por isso resta-nos aguentar, fantasiar com todas as formas de vingança (pessoalmente já tenho gravações do choro dela e planeio pô-las a dar às sete da manhã quando ela for adolescente) e aproveitar o silêncio enquanto ele dura. E torcer para que, tal como aconteceu com o Matias, também isto seja só uma fase.

Matias com um dia
Gabriela com um dia
Matias com quatro dias
Gabriela com quatro dias
Cinco dias
Cinco dias (claramente mais investimento nos outfits agora, isto realmente é um prolongamento narcísico)
Matias com duas semanas
Gabriela com duas semanas (não se iludam pelas fotos sempre a dormir, isso acontece porque quando a cachopa está acordada está praticamente sempre a chorar!)