3 de dezembro de 2015

Pregnancy Diary #15

Depois de dezasseis dias de baixa, ontem regressei à consulta. A minha tensão arterial está melhor e a minha frequência cardíaca voltou aos meus níveis altos habituais. A médica achou que seria melhor eu passar mais uns dias em casa a descansar, mas eu pedi para voltar ao trabalho.

Vai daí, hoje foi dia de voltar.




Não foram dezasseis dias fáceis. No início fiz um dramalhão gigante porque tinha de ficar em casa (ao ponto do Bernardo ter aparecido cá à noite com pastéis de nata, o que em retrospectiva foi bastante agradável), fiquei demasiado preocupada com os meus doentinhos, choraminguei porque ia aborrecer-me sozinha e chafurdei em autocomiseração porque ia atrasar os meus estágios todos. Depois decidi render-me às evidências e tentar retirar algo de positivo de uma situação que eu via como absolutamente desastrosa. E foi assim que passei os últimos dias a:

* Ver episódios de 'Sex and the City';
* Actualizar a contabilidade (nunca tive as contas tão em dia);
* Comprar roupinhas de bebé online;
* Fazer a minha estatística de consultas assistidas;
* Acompanhar as escolhas da especialidade (já tenho uma coleguinha nova) :)
* Tratar de assuntos pendentes (a revisão do carro, o back-up do portátil, a organização de fotos e de receitas, responder a mails, entre outros);
* Ajudar a minha mãe na organização do baby shower;
* Pensar sobre a creche (já só temos duas na lista e a escolha está iminente);
* Pensar sobre o nome do bebé (já só temos dois na lista e a escolha está iminente);
* Ler sobre assuntos interessantes;
* Fazer quizzes online;
* Ver coisas antigas dos Gato Fedorento;
* Programar as obras cá em casa;
* Descobrir novos sabores de batidos e de papas de aveia (praticamente as únicas receitas que faço agora);
* Dormir sestinhas;


Sinceramente, creio que o meu medo de ficar de baixa estava relacionado com algo mais profundo. Sem a vontade de escrever no blog, face à realidade de não poder cozinhar e perante a inevitabilidade de não conseguir trabalhar, quem seria eu? O que me definiria além do trabalho?

No fim, confesso que me soube mesmo muito bem parar para relaxar. Tal como me irá saber igualmente bem voltar para a minha vida atribulada. Espero desta vez conseguir manter-me a trabalhar durante uns tempos, mas também já não farei um espectáculo de proporções épicas se tal não for possível. Também não vou deixar a situação arrastar-se da mesma forma: ao mínimo sinal de que não aguento o ritmo, volto para casa.

No fundo, o que importa é o meu bebé estar bem e eu também. Como diria a minha médica, primeiro sou mãe e depois sou médica. Mas vamos lá tentar ser as duas coisas durante uns tempos e ver como corre :)