This is the modern way
Of faking it everyday,
And taking it as we come,
And taking it as we come,
And we're not the only ones.
Is that what we used to say?
Is that what we used to say?
This is the modern way.
Kaiser Chiefs
Desde que me lembro que sempre existiu em casa dos meus pais um livro de culinária antiguinho e sobejamente conhecido da Maria de Lurdes Modesto, o 'Cozinha Tradicional Portuguesa'. Lembro-me que quando comecei a cozinhar mais a sério fui desenterrá-lo do esquecimento com o objectivo de aprender umas coisinhas engraçadas e úteis, apenas para ficar estupefacta dez minutos depois: como é que as pessoas comiam aquelas coisas?
Entre receitas com banha (e azeite, e manteiga, e toucinho!), receitas com quilos de açúcar (não esquecendo a manteiga, claro!) e receitas com coisas estranhas (sangue, vísceras, enfim!), confesso que me surpreende como é que os nossos avós não entupiram as coronárias logo aos quarenta anos.
(No fundo o senhor Salazar era um incompreendido, ele era apenas um benfeitor que fazia os portugueses passarem fome para que eles não comessem estas coisas tão agressivas. Tratava-se apenas de preocupação genuína - afinal, quem é que entope uma coronária comendo apenas um terço de sardinha por refeição?)
(O facto do Salazar ter sido eleito o primeiro d'Os Grandes Portugueses em 2007 continua a ser uma das razões que me impele a emigrar. Recuso-me a partilhar o espaço físico com malta que acha que um ditador é porreirinho, quanto mais com quem o julga o maior.)
(Nota-se muito que os meus avós eram comunistas e que o meu avô até chegou a ser preso pela PIDE? Enfim, adiante.)
Creio ser esta uma das causas da grande dificuldade em fazer com que a nossa população idosa diabética tenha bons hábitos alimentares: depois de terem passado anos a comer aqueles toucinhos do céu carregadinhos de açúcar do bom da Maria de Lurdes Modesto, quem é que se delicia com satisfação com um bolinho sem açúcar? Depois de décadas com pratinhos cheios de arroz, batatas e enchidos, quem é que decide que grelhados e saladas é que sabem bem?
E se eu vos disser que não precisam de sacrificar o tradicional e saboroso para obterem o saudável?
Hoje trago-vos um prato tradicionalmente português: o rancho. Normalmente feito com carne de vaca, macarrão, grão-de-bico e quilos de chouriça da boa, mas desta vez com uma ou outra adaptação que o tornam mais saudável e igualmente delicioso. À prova de qualquer avó, garanto-vos :D
Rancho vegetariano
Ingredientes (para quatro pessoas):
* Uma cebola picada;
* Dois dentes de alho picados;
* Um fio de azeite;
* Uma colher de chá de pimentão-doce;
* Uma colher de chá de paprika;
* Uma colher de chá de coentros;
* Uma colher de chá de cominhos;
* Uma pitada de sal;
* Uma pitada de piri-piri;
* Macarrão integral q.b.;
* Uma lata grande de grão-de-bico cozido.
Confecção:
* Refogar a cebola picada e o alho picado num fio de azeite e juntar o pimentão-doce, a paprika, os coentros, os cominhos, o sal e o piri-piri;
* Acrescentar o macarrão e deixar refogar;
* Juntar água quente até cobrir a massa e deixar cozinhar até a massa ficar cozida;
* Adicionar o grão-de-bico cozido e misturar bem;
* Deixar cozinhar mais um pouco.
Até amanhã! :D