24 de fevereiro de 2015

Diabetes Mellitus - Como tratar? (Guest Post)

A diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é uma doença crónica, para a vida toda. Na maioria dos casos não dá queixas ou sinais e é diagnosticada em exames de rotina ou no decurso de uma hospitalização por outra causa.

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Mas afinal quais são os factores de risco, ou seja, que factores facilitam o seu aparecimento? E como posso evitá-la?

Há vários factores de risco, entre os quais:

* Idade;
* Etnia;
* Ter familiares (sobretudo pais e irmãos) com DM2;
* Sedentarismo;
* Excesso de peso ou obesidade;
* Hipertensão arterial.

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Conhecendo estes factores de risco, percebe-se qual a chave para evitar a diabetes e todas as complicações que com ela surgem: problemas no coração, nos olhos, nos rins, nos vasos e sistema nervoso periférico… E qual será a palavra chave? Uma vida saudável! Que passará por uma alimentação saudável e pela prática de exercício físico, além de não fumar! Esta é a primeira linha na prevenção e tratamento da DM2!



Como deixar de ser sedentário? Há várias opções que cada um pode escolher, conforme o seu gosto. Às vezes as pessoas pensam que já estão muito longe de conseguirem fazer exercício e que não estão dispostos a ser grandes atletas… Mas a verdade é que está provado cientificamente que uma caminhada (a bom ritmo, sem paragens) de trinta minutos pelo menos em cinco dias da semana tem benefício cardiovascular.

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E o que significa afinal ter uma alimentação saudável? Passa essencialmente por três vertentes: horário, qualidade e quantidade.

O horário na planificação alimentar, sobretudo para quem precisa perder peso é essencial! Se adequar as refeições ao horário do dia-a-dia é mais fácil cumpri-las. Se, para além disso, preparar algumas das refeições e levar consigo, ainda menos tendência há para 'comer fora de horas' ou 'petiscar'. Uma pessoa com diabetes deve comer de três em três horas, pouco de cada vez. Apesar de não ser rigorosamente assim para as pessoas que não têm diabetes, a verdade é que também é um bom hábito pois se formos comendo pouco, várias vezes ao dia, temos menos fome.

A qualidade tem a ver com o tipo de alimentos e confecção dos mesmos. Por exemplo, todos sabemos que as batatas fritas são pouco saudáveis e que a sopa de legumes é mais saudável… Aqui ficam algumas dicas, que serão exploradas com mais detalhe amanhã pela Márcia Gonçalves, estudante de Ciências da Nutrição:

* Comer muitos vegetais como espinafres, brócolos, cenouras ou feijão verde;
* Preferir alimentos integrais a processados como massa ou arroz integral em vez do arroz branco;
* Incorporar leguminosas na refeição como feijões, grão, favas, ervilhas e lentilhas;
* Incluir peixe nas refeições, pelo menos três vezes por semana;
* Preferir carnes brancas e porco magro e retirar a pele e todas as gorduras visíveis.

A quantidade muitas vezes também não é a mais adequada. É claro que a quantidade também depende se estamos a fazer dieta para perder peso ou não, se somos mulheres ou homens, se fazemos desporto ou não (e com que intensidade), por isso o melhor será sempre ter uma avaliação personalizada com um nutricionista. No entanto, de uma forma geral pode-se considerar como regra geral iniciar a refeição com sopa de legumes, não repetir o prato principal e dividi-lo como na imagem:


E a pessoa que já tem diabetes mas que quer estar controlada e evitar as complicações da doença, o que pode fazer?

Em primeiro lugar, deve ter atenção aos conselhos já referidos sobre alimentação saudável e prática de exercício físico. E claro, deixar de fumar porque o tabaco acelera as complicações da diabetes, além de muitos outros malefícios.

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Mas o que significa ter a diabetes controlada? Diabetes controlada significa ter níveis de glicemia (açúcar no sangue) dentro de certos limites. Atendendo a vários factores como idade, anos de diagnóstico, complicações existentes, existência de outras doenças, entre outros, define-se para cada pessoa o valor-alvo de glicemia a atingir para se considerar um controlo adequado da diabetes.

Para se averiguar a avaliação dos níveis de açúcar no sangue, há duas formas comuns de o fazer: medida da glicemia capilar e medição da Hemoglobina A1C (HgA1c).

A glicemia capilar corresponde à conhecida 'picada' no dedo que a pessoa faz e que se refere aos níveis de açúcar no sangue no momento da picada. A pessoa deve registar os valores medidos em jejum e após refeições. A frequência com que se mede dependerá da fase da diabetes em que se encontra, do tratamento efectuado e do seu controlo.

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Importa ainda dizer que é prioritária a medição da glicemia quando se começa com sintomas de possível hipoglicemia: suor excessivo, tremores, fraqueza, palidez, fome, dificuldade de concentração, irritabilidade/agressividade e alteração do estado de consciência. Se a glicemia for abaixo dos 70 mg/dL deve ingerir 10 a 15 mg de açúcar diluído numa pequena quantidade de água ou sumo e repetir medição de glicemia três a cinco minutos depois. Se os valores ainda não estiverem dentro dos valores normais deve voltar a ingerir açúcar até os níveis normalizarem, e quando isso acontecer - dentro de dez a quinze minutos - deve fazer uma refeição rica em hidratos de carbono de absorção lenta, como pão, massas, bolachas de água e sal ou tostas.


A HgA1C é uma análise ao sangue que dá uma estimativa do valor médio dos níveis de açúcar nos últimos três meses, e é por isso o método mais habitual que o médico tem para avaliar o estado de controlo da diabetes e se necessita de uma 'afinação' no respectivo tratamento.

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A Direcção Geral de Saúde (DGS) aconselha que a pessoa com diabetes seja vigiada regularmente pelo médico a vários níveis, nomeadamente quanto ao controlo da doença, das suas complicações e terapêutica. Para isso, a nível dos cuidados primários (centros de saúde) há consultas de enfermagem e de medicina dedicados aos diabéticos. A avaliação e seguimento da pessoa com diabetes será sempre individualizada, mas há recomendações gerais da DGS que incluem:

* Análises sanguíneas no mínimo duas vezes no ano (incluem HbA1C e outras análises para averiguar complicações como a função renal);
* Consulta de oftalmologia pelo menos uma vez por ano para rastreio de retinopatia diabética, uma das complicações da diabetes;
* Avaliação geral dos pés, pelo menos uma vez por ano;
* Ter a vacinação actualizada.

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Sofia Fernardes e Diogo Almeida frequentaram o mestrado integrado em Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa. São actualmente médicos internos da formação específica de Medicina Geral e Familiar.