A long time ago, we used to be friends.
But I haven't thought of you lately at all.
If ever again, a greeting I send to you,
Short and sweet to the soul is all I intend.
The Dandy Warhols
Confesso que me assusta muito a vulnerabilidade dos laços que vamos construindo com os outros ao longo da vida.
Sinto que, para mim, é extremamente difícil manter os amigos ao longo de muitos anos. Porque eu me farto, porque eles se fartam, porque nos afastamos, porque o tempo não é muito, porque há mal-entendidos, porque há amuos, porque as pessoas crescem de formas diferentes, porque as pessoas se tornam (ou se revelam) ao longo do tempo diferentes daquilo que conhecíamos.
Tenho a certeza absoluta que a culpa disto é minha, porque sou exigente. Porque exijo dos outros exactamente aquilo que lhes dou: uma amizade sem interesses, sem maldade e sem reservas. E quando as minhas expectativas são defraudadas, simplesmente parto para outra.
É lixado sermos crentes.
Acho que as pessoas não percebem que uma amizade é como uma relação de amor, mas sem paixão e desejo. A amizade também precisa de ser acarinhada e nutrida, também precisa de tempo e de confiança, também precisa de cedências e de esforço.
No entanto, acho que actualmente toda a gente investe tudo nas suas relações de amor (porque, afinal, encontrar o amor verdadeiro é tão raro!), mas ninguém investe a longo prazo nas suas relações de amizade, como se os verdadeiros amigos estivessem ali ao virar da esquina à nossa espera.
Não me entendam mal, eu tenho amigos verdadeiros. Mas são poucos, muito poucos, principalmente comparados com aqueles que já perdi no caminho da vida.
O pior é que continuo a 'desenamorar-me' das pessoas. Continuo a ficar desiludida, a ficar triste, a perceber que investi em vão. E se por um lado isso me faz estimar ainda mais as que ficam, por outro também me faz chorar cada vez menos as que vão, como se uma parte de mim já achasse natural este desapego.
Esta receita é também um caso de 'desenamoramento', mas da parte do Pedro. Antigamente o empadão era um dos nossos pratos preferidos de sempre, mas ao longo do tempo o Pedro deixou de apreciar empadão (eu sei, como é possível?). Vai daí, decidi fazer o Pedro apaixonar-se novamente, e juntei no empadão queijo e morcela.
Se todos nos esforçássemos para preservar as nossas amizades como eu me esforço para diversificar a alimentação cá de casa, certamente estávamos muito menos sós :)
Empadão de frango com queijo mozzarella e morcela
(Ou como entupir uma coronária com um único jantar)
Ingredientes (para seis pessoas):
* 500g de peito de frango picado;
* Meia morcela partida em cubos;
* Uma cebola picada;
* Três dentes de alho picados;
* Um fio de azeite;
* Uma folha de louro;
* Uma colher de chá de pimentão-doce;
* Meia colher de chá de paprika;
* Meia colher de chá de orégãos;
* Uma pitada de sal;
* Uma pitada de piri-piri;
* Uma pitada de noz-moscada;
* 200g de queijo ralado;
* Uma gema;
* 100g de flocos de batata.
Confecção:
* Refogar a cebola picada, o alho picado, a folha de louro e a morcela num fio de azeite;
* Juntar o peito de frango picado e deixar refogar;
* Temperar com o pimentão-doce, a paprika, os orégãos, o sal e o piri-piri;
* Deixar cozinhar durante dez minutos;
* Entretanto preparar o puré seguindo as instruções da embalagem (no nosso caso fervi 500ml de água e juntei os flocos);
* Misturar 100g de queijo ralado no puré e temperar com uma pitada de noz-moscada;
* Colocar num tabuleiro de ir ao forno uma camada de puré, uma camada de carne e uma nova camada de puré;
* Pincelar com a gema e cobrir com o restante queijo ralado;
* Levar ao forno pré-aquecido a 200º durante quinze a vinte minutos.
Até amanhã! :D