Throw away your television,
Take the noose off your ambition,
Reinvent your intuition now.
It's a repeat of a story told,
It's a repeat and it's getting old.
Red Hot Chili Peppers
Há cinco anos participei num concurso de televisão, o Jogo Duplo.
Nunca tinha estado na televisão, mas quando jogava em casa corria tão bem que decidi arriscar e concorrer. Fui seleccionada, e lá fui para os estúdios da RTP gravar o programa.
Julgo não estar a exagerar quando digo que foi uma experiência vagamente traumatizante: a ansiedade, a sensação de estar a ser vista por milhares de pessoas e todas aquelas luzes contribuíram para que tivesse a maior enxaqueca da minha vida, e acabei por desistir no fim da segunda ronda.
Estava em segundo lugar.
O Pedro, que estava no público, ficou em choque. O senhor Malato, que apresentava o programa, veio ter comigo ao corredor e perguntou-me porque tinha desistido. Encolhi os ombros e respondi baixinho que achava que não estava assim tão bem colocada, mas a verdade era que simplesmente quis fugir dali o mais depressa possível.
Quando vi o programa em casa nem queria acreditar. Estava enorme (a televisão engorda mesmo!) e com um ar vagamente assustado, como uma gazela encurralada que só pensa em como escapar (isto se as gazelas fossem gordinhas e calçassem sapatilhas roxas).
No total ganhei 600 euros. Comprei o meu actual portátil quando o antigo se estragou (um incidente muito infeliz com uma caneca de chá) e ainda fui a Paris com o Pedro. Mas nunca mais consegui fazer as pazes com esse episódio da minha vida, e a partir daí até a minha relação com a televisão mudou.
Hoje em dia é muito raro ver televisão. Gosto de ver jogos de futebol, gosto de ver competições de ginástica, gosto de ver o Eixo do Mal na Sic Notícias, gosto de ouvir o Marcelo Rebelo de Sousa, e fim. Não vejo concursos, não vejo novelas, não vejo séries nem filmes.
Às vezes acho que fiquei com uma-espécie-de stress pós-traumático em relação à minha ida à televisão. Mas a vida é assim mesmo: às vezes há acontecimentos pequenos e insignificantes que nos marcam pela negativa, e que demoram muito tempo a serem esquecidos.
Este pratinho foi feito precisamente para um jantar em frente à televisão, num dia de competições de ginástica na RTP2. É um prato simples e fácil, mas delicioso e reconfortante - arriscaria até em dizer que é um prato reconciliador.
Talvez um dia volte à televisão, mas por agora estou muito satisfeita por ser apenas a pessoa que está deste lado, a lamber os dedos sujos de chili e de nachos.
Chili vegetariano com nachos
Ingredientes (para duas pessoas):
* Uma lata pequena de feijão vermelho cozido;
* Um pimento vermelho pequeno picado;
* Meia cebola picada;
* Dois dentes de alho picados;
* Um fio de azeite;
* Uma colher de chá rasa de cominhos;
* Uma colher de chá de pimentão-doce;
* Meia colher de chá de paprika;
* Meia colher de chá de coentros;
* Meia colher de chá de piri-piri;
* Uma pitada de sal;
* 200ml de molho de tomate;
* Uma embalagem de nachos picantes.
Confecção:
* Refogar o alho picado, a cebola picada e o pimento pequeno num fio de azeite e juntar o feijão vermelho;
* Temperar com os cominhos, o pimentão-doce, a paprika, os coentros, o piri-piri e o sal;
* Juntar o molho de tomate e deixar cozinhar;
* Servir com os nachos picantes.
Podem ainda juntar milho nesta refeição, mas cá em casa não somos apreciadores :)
Até amanhã :D