Eu hei-de te amar por esse lado escuro,
Com lados felizes eu já não me iludo!
Se resistir à treva é um amor seguro,
À prova de bala, à prova de tudo!
Toda a alma tem uma face negra.
Nem eu, nem tu, fugimos à regra.
Tiremos à expressão todo o dramatismo,
Por ser para ti eu uso um eufemismo.
Chamemos-lhe apenas o lado lunar.
Mostra-me o teu lado lunar.
Com lados felizes eu já não me iludo!
Se resistir à treva é um amor seguro,
À prova de bala, à prova de tudo!
Toda a alma tem uma face negra.
Nem eu, nem tu, fugimos à regra.
Tiremos à expressão todo o dramatismo,
Por ser para ti eu uso um eufemismo.
Chamemos-lhe apenas o lado lunar.
Mostra-me o teu lado lunar.
Rui Veloso
Esta semana foi sem sombra de dúvida uma semana muito difícil.
Estava ainda a recuperar da gripe, e passei a semana toda a sentir-me tonta e enjoada. Foi a última semana do estágio de Cirurgia. Tinha um relatório de estágio para fazer, um caso clínico para escrever e um congresso para apresentar. Tinha de estudar para o exame da especialidade. A minha mãe ficou com gripe, e o meu pai teve uma consulta médica importante (que felizmente correu bem).
Ontem passei a manhã no hospital e a tarde na faculdade, e quando saí fui directa para o workshop organizado pela Président com o chef Chakall (vou fazer a reportagem quando me enviarem as fotos, mas esperem muitos gritos de histeria).
Mal cheguei a casa jantei uma taça de iogurte com cereais e atirei-me para um serão de preparação da apresentação do congresso. E juro-vos, estava mesmo com pena de mim própria naquele momento.
Eu não sou a pessoa mais fácil de aturar quando estou nervosa. Sou impaciente, irrito-me, desisto e volto a tentar vezes sem conta. E pelo meio lá está o pobre do Pedro a fazer o controlo de danos. A ouvir-me uma e outra vez a apresentar o trabalho. A cronometrar. A fazer-me sugestões. A ajudar-me.
Quando tudo ficou pronto eu continuava ansiosa: afinal, foi uma semana complicada. E então o Pedro sugeriu irmos os dois para a cozinha fazer bolachas. É tão raro o Pedro querer fazer bolachas comigo que confesso que julguei que estava a alucinar de cansaço, mas a verdade é que o sorriso, o olhar divertido e a mão estendida pronta para agarrar a minha estavam lá.
Estava uma noite de chuva intensa, e foi noite de bolachas húngaras.
Como elas, todos nós temos dois lados: um lado de luz, positivo e enérgico, e um lado de sombra, zangado e angustiado. O truque é termos ao nosso lado alguém cuja luz brilhe mais nos nossos dias de sombra.
E usar gemas cozidas, porque faz toda a diferença.
Hoje dei o meu melhor na apresentação do nosso trabalho no congresso, e ganhámos. O nosso 'Adenoma da supra-renal abordado por retroperitoneoscopia posterior' ganhou.
O prémio, quatro noites num hotel do Vimeiro, não podia ter chegado em melhor altura. E foi festejado com bolachas húngaras e com muitos sorrisos.
Pode ter sido uma semana má, mas hoje foi um dia muito bom.
Bolachas húngaras (receita adaptada do blog 'Pratos & Travessas')
Ingredientes (para cerca de 60 bolachas pequenas):
* 250g de farinha sem fermento;
* 170g de manteiga sem sal, à temperatura ambiente;
* 45g de farinha maizena;
* 150g de açúcar em pó;
* Seis gemas de ovos caseiros cozidas;
* Uma colher de chá de essência de baunilha;
* 200g de chocolate de culinária com 70% de cacau.
Confecção:
* Misturar a farinha de trigo, o açúcar em pó, a farinha maizena, a manteiga, a essência de baunilha e as gemas cozidas e amassar bem até formar uma bola;
* Envolver em papel aderente e levar ao congelador durante vinte minutos;
* Estender a massa numa superfície enfarinhada e cortar bolachas com meio centímetro de espessura;
* Colocar num tabuleiro coberto com papel vegetal e levar ao forno pré-aquecido a 170º durante quinze minutos;
* Retirar do forno, deixar arrefecer um pouco e quando as bolachas estiverem firmes transferi-las para uma rede para arrefecerem totalmente;