Há umas boas semanas marcámos um fim-de-semana romântico fora, num hotel de cinco estrelas. O destino era original e paradisíaco: Cascais. Organizámos o pontapé no traseiro dos miúdos, reservámos e começámos a sonhar com aqueles dois dias em que íamos essencialmente dormir, pedir refeições pelo serviço de quartos e aproveitar o silêncio.
Obviamente que foi tudo para o galheiro com a nova vaga da pandemia, e agora não só não vamos para Cascais como ainda estou de urgência nessa noite nas enfermarias COVID. Pelo menos é no São Francisco Xavier, até estou pertinho de Cascais.
Face ao facto de não nos irmos livrar dos miúdos tão cedo, decidi incluí-los nas nossas celebrações do dia dos namorados. Nos últimos anos não temos feito nada de especial (à excepção de tentar abrir - sem sucesso - canhões de pétalas), mas no ano passado até tínhamos um programa fixe que acabou por não acontecer porque uma amiga nossa levou ela própria um pontapé no traseiro (quem é o estafermo que termina um relacionamento no dia dos namorados, pensam vocês) e passámos toda a noite a encomendar sushi, a limpar lágrimas, a dar colo e no fim ela até dormiu cá em casa. Nem sequer houve canhão de pétalas, olhem a tristeza.
Este ano estávamos decididos a assinalar a data. A nossa amiga até já está novamente com o moço e estão felizes, parecia seguro que podíamos celebrar à confiança - e verdade seja dita que se alguma coisa corresse mal desta vez ela nem podia vir cá por causa do confinamento, olhem a tristeza novamente. Enfim, adiante. Por alguma razão que só a minha forma de pensamento altamente convoluta consegue precisar, queria fazer um almoço temático do Ratatouille. Acho que a ideia foi algo do género: em 2012 fiz um almoço temático francês todo pomposo mas tirava péssimas fotos com a minha péssima máquina, e sempre tive pena porque ficou tudo delicioso, comeu-se lindamente e foi assim que conhecemos um dos pratos que ainda hoje mais cozinhamos, o Boeuf Bourguignon. Quis repetir essa ementa, essa ementa tem confit byaldi (o prato que aparece no Ratatouille e que, contrariamente ao que se pensa, não é na verdade ratatouille), pareceu lógico fazer uma ementa do Ratatouille.
Passei um serão a imaginar decorações, a fazer etiquetas, a projectar mesas, a fazer listas... E depois esmoreci. Há semanas que não pego nisso (ou então foi só há dias, o tempo agora é confuso), embrenhada por um lado na ideia de faltar ainda imenso tempo e por outro na abulia que parece andar a dominar os nossos dias.
Enfim, provavelmente vou animar-me e fazer um almoço todo piroso. Pode ser que seja desta que consigamos abrir um canhão de pétalas. Até lá, aqui vão mais fotos da festa de aniversário da Gabriela :)