Há umas semanas uma pessoa que sigo no Instagram publicou fotos da festa do quarto aniversário do filho. O bolo foi feito por ela e estava decorado como o miúdo escolheu, e para comer havia sandes, gelatina, pipocas, salame, folhados de salsicha e torta, entre outras coisas. Era uma festa 'como as de antigamente', dizia ela. Estava tudo cheio de bom aspecto. Nos comentários, a malta lá veio com o paleio a que eu chamo genericamente 'a-conversa-do-pão-por-Deus': antigamente é que era, as festas de aniversário dos anos 80-90 é que eram giríssimas e agora é tudo falsificado e foleiro, os miúdos não ligam nenhuma, isto dos temas é uma parvoíce e afins.
Fiquei a pensar no assunto. As festas de aniversário da minha infância sempre tiveram temas. É verdade que eram temas com pratos, copos e guardanapos a combinar e com o Mickey ou o Homem-Aranha ou o símbolo do Porto, mas sempre houve bolos temáticos, comprados na Torta de Noz em Matosinhos, com a cara do Mickey (e a forma da cabeça do Mickey!), ou a Pocahontas, ou com aqueles campos de futebol com o creme verde-cancro e os jogadores do Porto-Benfica. Não havia arcos de balões e pinhatas, mas também não havia o investimento que agora há em tudo, dos baptizados aos funerais, passando pelos casamentos.
Eram giras as festas? Claro que sim. Deixam de ser giras por terem mais investimento? Não me parece.
Depois, há as comidas. Percebo a resistência da malta às decorações de bolos, porque durante uns anos eu também não achava grande graça à pasta de açúcar (embora isso também nunca me tenha impedido de imaginar decorações sem a pasta). Mas olhem, sabem que gosta? O Matias.
O Matias gosta tanto das bolachas decoradas com pasta de açúcar da Marta do Bolos e Bolinhos Atelier que na festa do Plants vs Zombies nem as cheirei, porque ele comeu as doze se-gui-das. E hoje fomos visitar o Museu da Carris, e ele estava tão feliz que quando chegámos ao carro perguntou se podíamos ir comprar... Macarons de amendoim. De bolos o Matias não gosta, quer tenham pasta de açúcar ou não: afinal, estamos a falar do miúdo que no ano passado queria 'bolo de farofa' para o aniversário. Já sabemos, em todas as festas, que o bolo vai ser comido por nós e os convidados, embora o Matias adore as decorações.
De resto, cá em casa ninguém é fã das comidas de festa mais habituais dos anos 90. Nenhum de nós gosta de gelatina ou de salame, pipocas costumamos ter mas não somos grandes apreciadores das batatas fritas de compra. Somos esquisitinhos, se calhar.
Não estou de todo a dizer que as nossas festas são melhores. Aliás, estou, porque são melhores para nós. Mas nunca diria que as dos outros são piores, ou que antigamente era uma porcaria, ou que agora é que é uma porcaria. Caramba, são festas. Antigamente era óptimo e agora também é óptimo. Com arcos de balões e bolos decorados ou sem eles.
Por isso sim, a festa da Gabriela teve tudo a que uma festa do ano 2020 tem direito. Cartaz, esquema de cores, balões temáticos, bolo, cupcakes e bolachas decoradas, M&M's personalizados que mandei vir dos Estados Unidos para a casa do meu irmão na Suíça porque não entregavam em Portugal, mini-pizzas e mousse de chocolate em copinhos pomposos. Dos anos 90, só mesmo os folhados de salsicha... E os papás :D
(O Plants vs Zombies é um jogo que gostamos muito cá em casa. A premissa é muito simples: vivemos numa casa, os zombies estão a invadir o nosso quintal para comer os nossos 'brainz' e nós temos de plantar diferentes plantas que lutam contra os zombies.)
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