22 de novembro de 2019

Cinco dias depois.

O pós-parto do Matias correu lindamente. À excepção da saga da amamentação, senti-me sempre bem, tive uma óptima recuperação, não tive grandes dores (bem, tive as esperadas para quem fez uma episiotomia e tinha um braço partido) e andava tremendamente animada.

Desta vez estava mais cautelosa nas minhas expectativas: afinal, estou mais velha, mais pesada, mais cansada e já tenho um filho.

Mal a Gabriela nasceu quis logo levantar-me e ir tomar banho. Sentia-me lindamente e tinha zero dores. Hoje, cinco dias depois, continuo bastante bem. Tenho algumas dores no pipi (não estava à espera porque não fiz episiotomia nem tive nenhuma laceração, mas parece que ter 3.5kg de bebé a passar também faz ter dores na mesma) e nas costas (na zona onde levei a epidural e que ficou com um hematoma). Como não estive ali mil anos a fazer força não tenho todas aquelas chatices inerentes ao assunto (tipo hemorróidas e afins), por isso consigo fazer a minha vida normal e desde que tivemos alta que saímos, vamos buscar o Matias à escola e damos uns passeios, sem qualquer dificuldade.

Não estava era à espera de ter tantas contracções. Não me recordo de ter contracções no pós-parto do Matias (embora deva ter tido), mas isto agora dói mesmo imenso (toda a gente diz que piora proporcionalmente à quantidade de gravidezes). Tenho feito compressas de água quente, mas mesmo assim tenho bastantes dores, principalmente à noite ou enquanto dou o biberão à Gabriela (porque desato a libertar oxitocina). 

Fora isso, estou mesmo como se nada fosse.

Por outro lado, a amamentação foi a saga do costume. A sério, tivesse eu tanto jeito a alimentá-los como a pari-los e era tudo bem mais fácil, mas parece que as minhas mamas me odeiam.



O Matias nasceu cansado. Não queria mamar, não conseguia pegar, só queria dormir, perdeu imenso peso, ficou ainda mais prostrado e a amamentação foi logo para o galheiro. A Gabriela teve o problema contrário.

A nossa Gabi nasceu de boca aberta, e mal a meti em cima de mim rastejou para as minhas mamas e tentou mamar (foi surreal, só tinha visto isto em vídeos e nunca em partos 'reais'). Tal como o Matias também não conseguiu pegar nas minhas mamas (tenho mamilos foleiros), mas ao contrário do irmão não ficou propriamente numa de 'pronto, ok, vou só aqui dormir sete horas seguidas então' - em vez disso, abriu a goela e chorou durante duas horas seguidas.

A nossa Gabi nasceu às duas da manhã, e às seis já estava a beber leite adaptado. E sabem o que senti naquele momento? Alívio. Alívio, porque sabia que não ia passar novamente pelo drama que foi com o Matias. Alívio, porque a minha filha estava a comer.

Às nove da manhã a Patrícia (a minha consultora de lactação) já lá estava, e depois de 1.30h de intervenção dela a Gabi pegava, mas só na mama direita. A Patrícia teve de sair porque tinha uma consulta, e durante esse dia a Gabi pegou na perfeição na mama direita. O problema foi que esteve todo-o-santo-dia na mama a comer, por isso de madrugada eu já não aguentava com dores. Mais fórmula, pausa na mama.

No dia seguinte continuava cheia de dores, agravadas pelo facto das enfermeiras andarem a espremer-me o mamilo várias vezes por dia para ver se saía colostro (juntamente com sugerirem mamilos de silicone, estimulação com bomba, porem gotas de açúcar nas minhas mamas para ver se a miúda pegava e outras trapalhadas do género). Comecei a ficar um bocadinho para o descontente com o assunto, por isso passei a mensagem de que não queria cá mais mãos alheias nas minhas mamas e deixei de amamentar. Zero sentimentos de culpa.

E efectivamente, cá em casa (e para nós) não amamentar simplifica imenso as nossas rotinas. Podemos alternar quem dá os biberões e por isso dormimos melhor, é mais rápido, a logística já nos é familiar e não há cá reviver dos traumas que tive com a perda de peso do Matias. No pós-parto sou uma pessoa ainda mais pragmática, e se estava completamente disponível para tentar amamentar se fosse algo simples e prático para todos cá em casa, essa vontade desapareceu a partir do momento em que vi a Gabi chorar de fome durante duas horas seguidas.

E por isso aqui estamos. Outro filho não amamentado, desta vez sem grandes culpas e com zero traumas.

No meio disto tudo, ainda temos o Matias. O Matias anda literalmente histérico com a irmã, a quem chama 'a minha pequenina' e 'a minha bebézinha'. Quer fazer tudo: pegar nela ao colo, embalá-la, dar-lhe o biberão, dar-lhe banho, trocar-lhe a fralda e por aí fora. Se durante a noite ela faz um 'ué', o Matias entra disparado pelo nosso quarto para ver o que se passa. Adora fazer-lhe festinhas e dar-lhe beijinhos. Nós já estávamos relativamente confiantes porque o Matias tem mesmo perfil de irmão mais velho (adora mandar, tem a mania que tem sempre razão, é super protector, adora ser independente - hoje literalmente trepou para a bancada, pôs uma fatia de pão na torradeira e ligou-a! - e quer ser muito crescido), mas nada nos preparava para toda esta avalanche de fofura. A sério, ver o miúdo a interagir com a irmã enche-nos o coração de felicidade.

E pronto, tudo calmo por aqui. A Gabriela dorme imenso, embora durma melhor durante o dia do que de noite. Também come imenso, e já faz 90ml de leite de três em três horas (e de duas em duas durante a noite, não admira que as minhas mamas não dessem conta do recado!). Já anda a estrear as roupinhas com folhos e é uma patusca cara de bolacha :D