27 de outubro de 2019

Pregnancy Diary #53

Já não falta assim tanto tempo quanto isso para o meu parto - na pior das hipóteses são quatro semanas (a minha obstetra não induz obrigatoriamente às 41 semanas, mas eu cá acho que se chegar a essa data vou achar que já está mais que bom). E não estou rigorosamente nada nervosa: muito pelo contrário, vou ficar felicíssima quando entrar em trabalho de parto e mal posso esperar que chegue o dia. Eu sei que isto parece estranho e que uma parte de mim devia estar ansiosa ou com medo, mas cá vai um pedaço de informação dramática: eu não acho que o parto do Matias tenha sido assim tão difícil. Pronto, já disse. Obviamente que custou e que em algumas alturas só queria atirar-me para o chão e/ou falecer, mas na verdade em comparação nada me parece tão desagradável como estar grávida.

Tenho uma dor numa costela há meses. Meses. Está sempre aqui, dói quando estou sentada, dói quando estou deitada, dói quando estou em pé. Já fiz fisioterapia, já fiz acupunctura, nada resulta. dizem que é da gravidez e depois passa. E é uma porcaria estar com dores há meses. Comparativamente, ter dores horríveis durante horas (ou dias se o karma decidir castigar-me por alguma razão) mas depois acabar com uma pimpolha nos braços que vai logo vestir toda uma colecção de vestidos com folhos parece-me maravilhoso.

Se calhar agora vou ter um trabalho de parto demoníaco, não sei. Não sei bem o que pode ser pior do que 40h de trabalho de parto (24 das quais com contracções de cinco em cinco minutos mas sem dilatação e por isso sem epidural) com um braço partido, uma episiotomia até à China com uma deiscência de sutura que demorou a cicatrizar e um puto de 3.5kg a passar-me pela vajayjay, mas acredito que o universo tem sentido de humor e por isso é melhor não ficar já muito confiante. Mas também acredito que para mim estar grávida é uma bosta e nada é pior do que isto, por mais doloroso, nojento, demorado e horrível que seja.

Às vezes pensava que ia dar mais valor à gravidez por ter demorado mais tempo a engravidar desta vez, por já ser mãe, por ser mais madura e estar mais serena e por aí fora. Mas acho que desta vez ainda odiei mais tudo isto, precisamente porque sei o quão fixe é a fase seguinte. Afinal, parecendo que não, eu já durmo mal, já pareço um trambolho, já tenho dores por todo o lado, já choro histericamente com a parte final da Vaiana ou do Toy Story 3... Não é assim tão diferente do pós-parto, mas pelo menos daqui a um mês vou poder enfiar a cachopa nos oito outfits de Natal que já lhe comprei (e dar-lhe beijinhos e colinho, vá).

Como tenho o azar de ser casmurra e contra induções porque sim, vamos mesmo ter de esperar até a menina da canção decidir nascer ou receber ordem de despejo às 41 semanas. Mas todos os dias rezo aos santinhos para a miúda nascer depressa, porque esta vida de grávida está mesmo a dar cabo de mim.