7 de agosto de 2019

Pregnancy Diary #33

(Estava a responder a um comentário sobre a relação do Matias com a irmã e a resposta estava a ficar tão grande que achei que fazia mais sentido escrever uma publicação.)

Um dia, se o Matias achar que gostamos mais da irmã do que dele, vou dizer-lhe que foi por o amarmos tanto que nos fez sentido dar este passo. Que foi por ele ser um miúdo tão bom e tão lindo que nos sentimos seguros para ter ainda mais deste sentimento tão bom.

Um dia, se a miúda achar que gostamos mais do irmão do que dela, vou dizer-lhe que a amo desde que era ainda um sonho na nossa alma. Que foi a concretização do que para nós fazia sentido, e que veio completar ainda mais o nosso coração.

Não tenho medo de amar os meus filhos de forma diferente. E também não tenho medo que eles não se amem um ao outro. Não tenho medo que o Matias reaja menos bem ao nascimento da irmã, porque de certa forma também assumo que isso é o expectável.

Sinceramente o que me assusta mais é mesmo o que vai acontecer do ponto de vista logístico quando eu entrar em trabalho de parto: parecendo que não, os meus pais estão a 300kms, a minha sogra a 100km, a Joana faz urgências três vezes por semana e o Bernardo vai estar a viver na Holanda. Se rebenta a bolsa às quatro da manhã, o que faço ao Matias? Vou para o hospital sozinha e depois o Pedro vai lá ter quando conseguir deixar o miúdo com alguém?

(Começo a perceber a malta que induz o parto em determinado dia.)

De resto, o Matias tem sido envolvido q.b. na questão da mana: falamos disso normalmente mas também não embandeiramos em arco, não vá ele achar que vem aí uma cena super fixe e depois grama com uma bebé desinteressante (pelo menos nos primeiros tempos). Se tudo correr bem e eu tiver parto normal, estamos a pensar levar o Matias ao hospital no último dia e voltarmos todos juntos para casa, e vamos oferecer-lhe um panda igual ao que ele adora (e com quem dorme sempre) mas maior (para ser 'o irmão mais velho do panda'). Há quem diga que é uma prenda do irmão que nasceu, mas a nós isto faz pouco sentido e vamos dizer-lhe que é uma prenda dos papás para celebrar o facto de ele ser o mano mais velho.

Connosco tem ajudado investir naquilo que são os pontos fortes do Matias. O Matias é um miúdo independente que quer acima de tudo 'ser crescido', 'andar de skate sozinho' e 'chegar ao céu', por isso quando fala da mana pergunta essencialmente se depois ela pode dormir com ele (porque 'a mana vai ter medo de tubarões'), se ela vai usar fralda (porque 'é bebé'), se vai andar ao colo (porque 'os bebés não andam') e se pode brincar com os brinquedos dela (que são os dele de quando ele era bebé). É óbvio que vai sentir-se menos olhado quando a irmã nascer, mas ao mesmo tempo sinto que a personalidade dele é uma mais-valia: se fosse um miúdo mais dependente e mais carente, creio que seria mais difícil.

Independentemente disso, estamos decididos a dar-lhe o máximo de atenção possível nos primeiros tempos. Um bebé dá imenso trabalho, mas acaba por ser trabalho 'de braços', e contamos estar relativamente disponíveis do ponto de vista emocional para ajudar o Matias a fazer esta transição.

Para já estamos focados em ajudá-lo a crescer o mais possível antes da irmã chegar: o desfralde nocturno está completo com sucesso e o miúdo até já vai à casa-de-banho sozinho de noite (rico filhinho da mamã), está a começar a comer de faca e garfo (o garfo já está dominado, a faca é que nem por isso), e no geral estamos a investir o máximo que conseguirmos para assim minorar os efeitos de possíveis retrocessos. Sinto que o facto de ficarmos em casa durante mais tempo desta vez (eu estou em casa agora e entre os dois vamos tirar um ano de licença depois do nascimento da miúda) também vai ser muito bom, porque assim estamos ainda mais disponíveis.

Ainda assim, estamos preparados para ser uma fase de grandes adaptações cá por casa, quer para ele quer para nós. Mas acho que com tranquilidade, tudo se faz :)

Alguém tem mais dicas ou experiências para partilhar? :)