28 de junho de 2019

Pregnancy Diary #17

Fiz o teste de gravidez no fim da tarde, e antes do dia acabar já tínhamos contado a seis pessoas (os meus pais, a minha avó, o meu irmão, a Joana e o Bernardo). No dia seguinte contei aos meus colegas de trabalho. Na semana seguinte contámos à família do Pedro. Quando contei no blog estava grávida de oito semanas e já toda a gente à minha volta sabia.

Já na primeira gravidez fizemos isso, e sempre nos fez pouco sentido esperar até às doze semanas - afinal, se alguma coisa corresse mal (e a dada altura até correu um bocadinho) eu sabia que ia querer colinho, apoio, ajuda, abraços e conselhos. Além disso, para mim um aborto é uma coisa normal - triste, mas normal. Não queria passar por isso em silêncio, como se fosse algo pecaminoso ou nojento. Mas essa é a minha postura em relação a tudo na vida - estamos a falar da pessoa que também não se inibe de dizer que sangrou do rabo.

No entanto, estávamos um bocadinho inseguros sobre o melhor timing para contar ao Matias. Se por um lado queríamos esperar que fosse mais evidente e que ele percebesse que a mana (que na altura ainda era 'o bebé') era algo mais real, por outro também queríamos integrá-lo nisto, falar com ele e poder falar do assunto à frente dele sem segredos.

No fim acabou por ser esta mesma insegurança que nos fez contar também muito cedo: queríamos que ele vivesse isto como algo normal, e sentir os pais nervosos com alguma coisa não é o melhor início.



Desde então, o bebé/mana é uma realidade cá em casa. E o Matias tem reagido de uma forma absolutamente incrível, superando todas as nossas expectativas. 

Olhando para trás, acho que fizemos quatro coisas geniais (modéstia à parte).

1. Mudámos o Matias para a cama 'de menino crescido' muito cedo na gravidez, para ele não associar o 'despejo' da cama de grades à chegada da irmã. Empolámos aquilo à grande, pusemos os peluches dele todos lá para mostrar como havia tanto espaço para todos, mostrámos-lhe que podia saltar na cama, comprámos um cobertor enorme que ele adora e por aí fora.

2. Sensivelmente na mesma altura, estávamos a fazer FaceTime com o companheiro da minha sogra e a dada altura ele mostra um skate ao Matias e diz 'já tenho isto aqui para te oferecer quando fores grande!'. Depois disso o Matias andou DIAS a falar daquilo, e a primeira coisa que dizia quando acordava era 'mas eu já sou grande mamã, quero o meu skate'. É claro que três ou quatro dias depois ganhou o skate, e agora anda sempre a tentar (sem grande sucesso, diga-se) andar nele, dizendo que 'já é muito crescido'.

3. O Matias adora um panda de peluche que comprámos na Photo Ark da National Geographic - diz que o panda é o filho dele e que tem de andar sempre com ele ao colo porque o panda está com medo. Pois bem, antes da exposição terminar fui lá e comprei outro panda maior, que é agora o mano mais velho do panda :D

4. Sempre gostámos de mostrar fotos do Matias bebé (e ele sempre gostou de ver), mas ultimamente falamos imenso de como era nessa altura, e ele próprio faz imensas perguntas.

E é muito giro, porque eu estava preparada para responder a perguntas difíceis do género 'como é que a mana foi parar à tua barriga?', mas nada me preparava para as dúvidas insólitas que ocorrem ao meu filhote. Senão vejamos a conversa de há dois dias:

Matias: Nesta fotografia estou a dormir na vossa cama!
Eu: Sim.
Matias: Quando eu era bebé dormia na cama dos papás?
Eu: Quando eras muito bebé dormias no nosso quarto, e às vezes dormias na nossa cama, sim.
Matias: A mana vai dormir na vossa cama?
Eu: Depois de nascer, sim.
Matias: A mana pode dormir comigo?
Eu: Bem, se quiseres.
Matias: A mana pode dormir comigo na minha caminha?
Eu: Bem, se tu quiseres e a mana gostar da ideia, depois pensamos nisso.
Matias: (ar muito satisfeito)
Eu: Mas sabes que de noite a mana vai acordar algumas vezes e vai chorar...
Matias: Chora porquê? Tem medo dos tubarões?
Eu: Talvez, às vezes, outras tem fome, outras precisa de colo...
Matias: Os bebés não andam com as pernas, andam ao colo.
Eu: Sim.
Matias: Posso ir para dentro da tua barriga?
Eu: (ar-de-WTF) Porquê?
Matias: Não quero ficar sozinho.

Tão fofo, a sério. Tem sido muito giro assistir a mais um percurso na vida do Matias, o percurso de mano mais velho, e vê-lo integrar todas estas mudanças. No geral diria que ele está entusiasmado q.b. nesta fase, mas nunca se sabe. Nós também agimos como se ter um irmão fosse a coisa mais fixe do mundo (até porque para nós é), por isso acho que o facto do Matias nos sentir seguros também ajuda. Esperemos que esta transição seja suave :)