Ultimamente temos aproveitado o tempinho entre o jantar e o banho do Mati para dar um passeio a pé. Todos os dias temos um destino específico como ir comprar fruta na mercearia, ir à padaria, ir à biblioteca, ir ao Glood ou comer um gelado na Artisani. O Matias vem a andar agarrado à nossa mão ou sozinho, vai apontando para os pombos e os cães (dizendo 'bá'), vai apanhando pedras e folhas do chão e temos passado fins de tarde muito tranquilos e engraçados.
Há dois dias o Matias apanhou uma planta do chão e ficou de cócoras a examiná-la. Depois levantou-se e tentou colocar a planta na boca. Eu estiquei a mão e disse 'não'. Ele esperou dois segundos e voltou a tentar (agora mais disfarçadamente) colocar a planta na boca. Eu tirei-lhe a planta da mão.
O Matias deitou-se na calçada a gritar e a chorar. Faz quinze meses daqui a dez dias.
Eu e o Pedro ficámos muito serenos a olhar para a situação. Eu baixei-me ao lado do Mati e disse que era normal ele sentir-se frustrado e que ia passar. E um segundo depois apareceu um cão e o Mati lá se distraiu a brincar com ele (o que também foi muito engraçado, porque o cão se fartou de lhe lamber a cara e o Matias ficava com um ar mesmo patuscão).
Tenho há séculos um texto nos rascunhos com sugestões acerca de como lidar com as birras. Ainda não o publiquei porque não sei se faria sentido, não sei se são estratégias demasiado simples e, acima de tudo, não sei se são sugestões que resultam a longo prazo. Mas sei que esta fase de autonomização do miúdo está a ser divertida de acompanhar, e que tem sido giro tentar ajudá-lo (muitas vezes sem sucesso, mas faz parte) a reorganizar-se e a crescer.
O Matias tem quinze meses e já se atira para o chão a fazer birras. Já quer coisas. Já fica frustrado. É a vida. E ainda bem.