No dia seguinte ao Matias ter alta do internamento o Pedro foi para Helsínquia. Foi uma decisão muito pensada por ambos. Por um lado, estávamos os dois esgotados, e a ideia de viajar em trabalho (o Pedro) ou de ficar sozinha com o Mati (eu) não nos agradava particularmente. Por outro, o Pedro ia apresentar um trabalho num congresso internacional, o que é uma óptima oportunidade para o currículo. Vai daí, no fim achámos que seria melhor o Pedro ir e eu ficar.
Foi duro. Precisei de fazer o luto da viagem que não fiz, do entusiasmo que não exprimi, dos jantares românticos que não partilhámos e da carninha de rena que nunca cheguei a provar (embora pense que em Svalbard vá tratar do assunto). Precisei de fazer o luto do filho perfeito que não tenho e do filho saudável que não tinha naquele momento. Precisei de fazer o luto dos dias tranquilos e das noites sossegadas. Com o marido em Helsínquia, a melhor amiga em Leiria, o melhor amigo em Coimbra e a família no Porto senti-me muito, muito sozinha.
E depois cansei-me de chafurdar na autocomiseração e decidi que no fim-de-semana seguinte íamos fazer uma escapadela romântica.
Pensei em ir à Disneyland. Pensei em ir a Londres. Pensei em ir à Tuscânia. Mas quanto mais tempo pensava nos sítios onde já fui feliz, mais me lembrava de Sesimbra. É verdade que
esta seria a nossa quarta visita, mas também é verdade que Sesimbra é um dos meus sítios preferidos do mundo inteiro. De repente, recuperar as energias em Sesimbra fez-me todo o sentido. Marquei o hotel, informei o Pedro, pensei em duas ou três coisas que queria fazer e fomos.
E foi muito, muito bom. É sempre bom voltar a casa.