Já li várias vezes por aí que há quem passe uma imagem irreal da maternidade - porque fica com um corpo espectacular dois dias depois do parto, porque vai ao ginásio, porque sai com os amigos, porque está sempre cheia de energia ou porque vai jantar só com o marido. Criticam-se as pessoas (geralmente figuras públicas) porque 'não mostram a realidade da maternidade', como se as nossas próprias experiências fossem a verdade de toda a gente.
Eu fiquei impecável depois do meu parto. Levantei-me sozinha duas horas depois (e tinha uma episiotomia simpática e um braço partido) e fui tomar um banho que me soube pela vidinha (o Matias ficou com o Pedro). Fiquei logo sem barriga de grávida nenhuma, embora tenha continuado balofa porque engordei vinte quilos durante a gravidez. Desde o início nunca tive problemas em dar uma ou outra voltinha sem o Matias. Não me recordo de o ter feito 'para espairecer', mas sim porque era necessário fazer alguma coisa e não dava jeito levá-lo. Desde o início que sempre saí com o Matias para os mais variados sítios ao ar livre. Fui jantar só com o Pedro quando o miúdo tinha duas ou três semanas (momento sinceramente sobrevalorizado, não nos faltam momentos a dois enquanto o miúdo dorme). Não fui ao ginásio porque não gosto do ginásio (nem de fazer exercício físico em geral, vamos lá ser honestos), mas duas semanas depois levei o Mati à Feira Medieval porque queria fazer alguma coisa diferente e interessante. Estou muito mais vezes com os meus amigos desde que fui mãe do que antes (ver o bebé é sempre uma óptima desculpa!).
E sim, já fui várias vezes criticada por não mostrar no blog 'a realidade da maternidade'. Nessas situações, quase peço desculpa por estar impecável. Por estar a passar a melhor fase da minha vida. Por estar a gerir razoavelmente bem as coisas. Por estar genuinamente entusiasmada e feliz. Por ver no meu filho a melhor coisa que me aconteceu, sem haver qualquer vestígio de um 'mas'. Caramba, até por ser optimista.
Quase peço desculpa por ter uma imagem real da maternidade diferente da que hoje em dia é socialmente aceitável mostrar.
Esta é a minha realidade. Outras pessoas terão realidades diferentes. Mais chatas, mais tristes, mais complicadas, mais difíceis. Mas isso não faz com que a minha não seja real, porque todas as mães são reais. E podem viver à sua maneira toda esta experiência da maternidade, mas amam os seus filhos de igual forma:
Incondicionalmente. Cada vez mais. Hoje muito mais do que ontem, amanhã incomparavelmente mais do que hoje. Com tudo o que temos.
E essa é a realidade da maternidade.