30 de setembro de 2015

Caril de grão e cogumelos para uma casamenteira falhada.

This is what you give me to work with?
Well, honey, I've seen worse!
We're going to turn this sow's ear into a silk purse.
We'll have you washed and dried,
Primped and polished till you glow with pride.
Trust my recipe for instant bride,
You'll bring honor to us all.

Mulan




Creio já ter contado aqui que sou incrivelmente romântica e casamenteira. Gosto imenso de ver os outros felizes, e ando sempre à procura de formas de juntar os meus amigos uns com os outros (ou com outras pessoas, eu cá não sou esquisita).

Infelizmente, sou aparentemente péssima nisso.


No primeiro ano da faculdade fui bem sucedida a juntar a Joana com um amigo nosso da faculdade. No entanto, o sucesso durou apenas um mês. E depois disso seguiram-se oito anos de experiências frustradas e tentativas falhadas.

Há alguns meses decidi desistir. Vá, o Bernardo e a Joana obrigaram-me a parar de falar sobre o quanto eles eram fixes a pessoas que não os conheciam de lado nenhum. Prometi portar-me bem, deixá-los em paz e aceitar que fizessem tudo sozinhos. Mas falhei.


Na passagem de ano fui para a Benedita. Fizemos um jantar com os amigos do Pedro. Eu comi pão e batatas fritas de entrada e bebi três copos de vinho branco e dois copos de vinho tinto durante o jantar (que foi febras com arroz, muito glamouroso). E, de repente, não me lembro de mais nada. O Pedro diz que a dada altura comecei a rir-me muito e caí para o lado (literalmente, porque caí da cadeira), e depois disso foi uma maratona de 'és o melhor marido do mundo' e trambolhões para o chão (e fiquei com um hematoma na cabeça e outro no joelho para comprovar isto).

Para mim, a noite da passagem de ano é um grande blob, de tal forma que reza a lenda que perguntei às cinco da manhã porque é que nunca mais chegava a meia-noite. Mas, (in)felizmente, alguns dos amigos do Pedro lembram-se na perfeição do que aconteceu.


Um desses amigos é o Válter, que aparentemente tentei juntar com a Joana durante toda a noite (e não, a Joana nem sequer estava lá) dizendo-lhe que a Joana era querida, que gostava de crianças, que gostava de cãezinhos e que tinha umas mamocas bem grandes.

A sério, com amigas como eu quem é que precisa de inimigas?


Desde então esta brincadeira da Joana e do Válter continuou. A Joana suspira de exasperação e de desespero sempre que falo do assunto, o Válter ri e diz que não está neste momento à procura de ninguém. E eu assim continuo: uma romântica incurável, uma optimista inveterada, uma casamenteira falhada.

E não desisto.


Também o caril de grão tem uma história parecida. Passei anos (anos!) a tentar convencer o Pedro a comer grão, sem grande sucesso. Mas a minha persistência venceu, e este caril de grão foi aprovado pelo senhor esquisitinho depois de eu lhe ter tecido tão rasgados elogios (ao caril, não ao Pedro).


Será que devia ser igualmente persistente nas tentativas de juntar os outros? Não sei. Confesso que às vezes sinto-me intrometida e chata. Mas não consigo evitar preocupar-me com os meus amigos e com a felicidade deles, e nunca fui pessoa de ficar com os braços cruzados.

Pode ser que um dia tenha sorte. Afinal, tive com o caril de grão :)


Caril de grão e cogumelos

Ingredientes (para duas pessoas):

* Meia cebola picada;
* Dois dentes de alho picados;
* Um fio de azeite;
* Uma lata pequena de grão-de-bico cozido;
* 100g de cogumelos laminados;
* Meia chávena de molho de tomate;
* Uma colher de chá de paprika;
* Uma colher de chá de pimentão-doce;
* Uma colher de chá de caril;
* Uma colher de chá de piri-piri;
* Uma pitada de cominhos;
* Uma pitada de coentros;
* Uma pitada de sal.

Confecção:

* Refogar o alho picado e a cebola picada num fio de azeite;

* Juntar o grão-de-bico cozido e os cogumelos e deixar refogar;

* Acrescentar o molho de tomate e envolver;

* Temperar com a paprika, o pimentão-doce, o caril, o piri-piri, os cominhos, os coentros e o sal e mexer bem;

* Deixar cozinhar, rectificando os temperos se necessário.


Até amanhã! :D