'An eye for an eye will only make the whole world blind.'
Mahatma Gandhi
Há uns anos conheci um rapaz polaco que dizia que os portugueses eram um povo tão apaixonado como era indignado. Dizia ele que tudo nos fazia zangar, e que quando nos cansávamos de reclamar sobre um determinado tema logo surgia outro para nos aborrecer. Vai daí, mostrei-lhe aquele sketch brilhante dos Gato Fedorento que julgo reflectir na perfeição o que ele tão rapidamente percebeu sobre nós.
Penso nele sempre que surgem as discussões sobre os direitos dos animais.
Há algumas semanas, um senhor americano caçou um leão no Parque Nacional de Hwange, no Zimbabwe. O episódio foi largamente retratado pela comunicação social em todo o mundo. O indivíduo diz que a caça foi legal e que tinha uma autorização. O Zimbabwe (onde este tipo de situações acontece com alguma frequência, infelizmente) julgou os dois guias que permitiram que a caça acontecesse. O mundo ficou em choque. E reagiu das mais variadas formas, sendo a mais comum dizerem que o tipo devia morrer pelo que fez.
Surgiram depois as duas facções do costume: os indignados e os indignados contra os indignados originais, numa eterna discussão sem fim.
Sabem, uma das coisas que ser psiquiatra me ensinou foi que não devemos ser rígidos nas nossas opiniões. Não há pessoas exclusivamente más nem pessoas totalmente boas. Não sabemos tudo sobre uma determinada situação. E, acima de tudo, a nossa opinião sobre um assunto é apenas isso: a nossa opinião.
Tenho amigos que gostam de caçar. São médicos, são boas pessoas, são carinhosos, são pessoas preocupadas com questões sociais, são voluntários em associações... E gostam de caçar animais para os comerem. Alguns até gostam de touradas. E eu posso não concordar com eles, mas isso não me dá o direito de os julgar por aquilo que, em última análise, são as opiniões deles.
Há uns meses estava numa consulta e a senhora, uma velhinha com um ar simpático, contava que tinha imensos cães e cadelas na quinta dela e que estes eram a alegria e a companhia dela. Quando comentei que devia ter então muitos cães pequeninos disse prontamente que não, porque mal estes nasciam eram imediatamente afogados num balde. Eu fiquei, obviamente, horrorizada. Mas depois percebi que isso não fazia da senhora uma pessoa má. Na verdade, continuava a ser a mesma velhinha com um ar simpático.
E lembro-me disto sempre que leio comentários de pessoas que pedem a morte de alguém. Porque não somos ninguém para julgar os outros. Porque não há pessoas totalmente más, mas sim acções más. E porque os erros, por muito graves que sejam, devem ser julgados por quem foi criado para o fazer: a justiça.
Por isso, confesso que este tipo de discussões me passa completamente ao lado. Na argumentação interminável sobre a morte do leão, o que me choca é mesmo a incapacidade do governo do Zimbabwe em cumprir a sua lei e proteger os seus animais.
E porque uma opinião será sempre só e apenas isso, também tenho amigos que continuam a achar uma grande parvoíce que cá em casa façamos uma alimentação maioritariamente paleo. E eu ouço com atenção, aceito os argumentos contrários e continuo com a minha vida.
Porque as nossas opiniões são verdades para nós, mas não para os outros.
(Vai daí, sintam-se à vontade para dar a vossa opinião na caixa dos comentários abaixo!)
Bolo de chocolate paleo (sem glúten, sem açúcar)
Ingredientes (para quatro mini-bolinhos):
* 60ml de leite de coco;
* Uma colher de chá de sumo de limão;
* Três colheres de sopa de óleo de coco derretido;
* 30g de chocolate com pelo menos 70% de cacau;
* Quatro colheres de sopa de cacau magro em pó;
* Meia chávena de chá de farinha de amêndoa;
* Meia colher de chá de bicarbonato de sódio;
* Meia colher de chá de fermento;
* 50g de pepitas de chocolate negro;
* Uma pitada de sal;
* Um ovo;
* Quatro colheres de sopa de mel;
* Uma colher de chá de essência de baunilha natural.
Confecção:
* Misturar o leite de coco com o sumo de limão e deixar actuar durante cinco minutos;
* Derreter chocolate e o óleo de coco no microondas, verificando e mexendo de vinte em vinte segundos;
* Deixar arrefecer ligeiramente;
* Numa tigela misturar o cacau, a farinha de amêndoa, o bicarbonato de sódio, o fermento, o sal e as pepitas de chocolate;
* Noutra tigela bater o ovo com o mel e juntar a essência de baunilha;
* Juntar a mistura de chocolate e óleo de coco e bater bem até ficar uma mistura homogénea;
* Acrescentar o leite de coco e o sumo de limão;
* Juntar os ingredientes e misturar bem;
* Levar ao forno pré-aquecido a 180º durante trinta minutos.
Tenham um óptimo fim-de-semana! :D