30 de março de 2015

Queques de ananás e uma espécie de pedido de desculpa :)

'- Everything you see exists together in a delicate balance. As king, you need to understand that balance and respect all the creatures, from the crawling ant to the leaping antelope.
- But, Dad, don't we eat the antelope?
- Yes, Simba, but let me explain. When we die, our bodies become the grass, and the antelope eat the grass. And so we are all connected in the great Circle of Life.'

The Lion King 


Quando eu era aluna na faculdade e passava pelos serviços hospitalares ficava frequentemente irritada com algumas situações.

Primeiro, nunca ninguém se dava ao trabalho de decorar o meu nome: num dos estágios que fiz, a minha tutora disse-me inclusivamente que não valia a pena eu dizer o meu nome, porque de qualquer das formas no fim do mês eu ia embora e outro aluno viria ocupar o meu lugar.

Depois, nunca ninguém me dava qualquer tipo de importância - raramente me avisavam das mudanças de planos, dos imprevistos e dos cancelamentos e nunca tinham minimamente em conta as minhas opiniões ou ideias.

(A não ser que eu fizesse alguma espécie de porcaria, por mais pequena que fosse. Aí já toda a gente reparava em mim, como se me tivesse instantaneamente transformado no elefante na sala dos médicos.)


Alguns tutores também não eram sensíveis aos nossos horários, e obrigavam-nos a ficar no hospital depois do almoço em vez de nos deixarem ir para casa estudar (ou, mais frequentemente, ver séries, passear, dormir sestinhas e cozinhar). Esses eram os tutores de quem menos gostávamos, e reclamávamos constantemente quando tínhamos que sair do hospital às quatro ou cinco da tarde.

(A sério, só de estar a escrever isto já me apetece esbofetear a Joana do passado por achar verdadeiramente que era uma chatice chegar a casa às quatro da tarde. Acho que preciso de respirar fundo durante uns momentos para me acalmar.)


Além disso, passava a vida a fazer trabalhos aborrecidos e relatórios repletos de tangas que me eram pedidos por serem supostamente importantes para a minha aprendizagem e para a minha avaliação. E perdia horas naquilo, a resmungar com a vida e a prometer a mim própria que um dia seria uma tutora diferente.

Pois é, parece que não.


No serviço onde trabalho recebemos alunos do sexto ano da minha faculdade - eu pessoalmente não recebo ninguém porque ainda sou pequenina, mas o meu orientador recebe dois alunos por mês. E de repente dei por mim a comportar-me um bocadinho como aqueles tutores de quem eu não gostava lá muito.

Primeiro, demoro imenso tempo a decorar o nome dos alunos (embora aqui assuma que o problema é transversal a todas as áreas da minha vida, porque eu sou simplesmente péssima a decorar nomes - não é nada pessoal, mas enfim). Quando efectivamente lá consigo decorar quem é quem, o mês acaba e lá vêm mais dois nomes para eu decorar.

Depois, esqueço-me com frequência de os avisar das mudanças de planos, dos imprevistos e dos cancelamentos (embora, mais uma vez, o problema seja mesmo do facto de eu ser extremamente esquecida e distraída).


Também não compreendo porque é que eles querem tanto sair à hora do almoço: afinal, pedopsiquiatria é a especialidade mais fixe e interessante de sempre e eles deviam querer passar ali doze horas por dia! Pff, como é que estudar, ver séries, passear, dormir sestinhas ou cozinhar é melhor do que estar a assistir a consultas super fascinantes?

Além disso, não percebo tanta choraminguice por causa de meia dúzia de trabalhos (de pedopsiquiatria, que como já vimos é a especialidade mais fixe e interessante de sempre) e um relatório (sobre toooodas as consultas super fascinantes a que assistiram, que seriam bem mais se eles ficassem lá uma quantidade decente de horas).


Não me entendam mal - eu não sou propriamente uma megera irritante com os alunos. Na verdade, acho que até sou querida e fofinha. Mas sou quase uma fundamentalista da pedopsiquiatria, e não gosto que os outros não compreendam o quão awesome é a minha especialidade.

O que me resta então? Tentar comprar o carinho dos alunos com comidinhas boas. Pode ser que assim não entre directamente para aquela tão odiada lista dos piores tutores de sempre.


Queques de ananás

Ingredientes (para oito queques):

* Meia chávena de leite;
* Duas colheres de chá de sumo de limão;
* Uma chávena mais uma colher de sopa de farinha;
* Meia colher de chá de bicarbonato de sódio;
* Meia colher de chá de fermento;
* Uma pitada de sal;
* Um ovo;
* Meia chávena de açúcar;
* Três colheres de sopa de óleo;
* Uma colher de chá de essência de baunilha;
* 80g de compota de ananás.

Confecção:

* Juntar o leite com o sumo de limão e reservar durante cerca de cinco minutos;

* Numa tigela grande misturar a farinha, o bicarbonato de sódio, o fermento e o sal;

* Numa tigela média bater o ovo com o açúcar até formar um creme claro e espumoso;

* Misturar o óleo, a essência de baunilha e o leite, batendo bem entre cada ingrediente;

* Juntar os ingredientes líquidos com os ingredientes secos e misturar apenas até a mistura ficar combinada;

* Incorporar a compota de ananás, envolvendo com cuidado;

* Colocar a massa em forminhas e levar ao forno pré-aquecido a 220º durante sete minutos, baixando depois a temperatura para os 190º e deixando cozinhar durante mais treze a quinze minutos.


Tenham uma óptima semana :D