'Cause I can almost breathe the air
Right beyond my fingertips,
I'll turn around and pick up the pieces.
One more push and I'll be there,
Back where I belong...
I'll turn around and pick up the pieces.
Hoobastank
Era Sexta-feira e tínhamos um jantar em casa de um amigo do Pedro que se tinha mudado recentemente para Lisboa. Eu tinha-me oferecido para fazer uma tarte para a sobremesa, mas no dia anterior descobri que só iria sair do trabalho às 20.00h - assim sendo, cozinhar algo antes de sairmos para o jantar estava fora de questão.
Desenvolvi um plano simples: preparava tudo individualmente no dia anterior, acordava uma hora mais cedo na Sexta-feira, juntava as partes da tarte, levava ao forno, fotografava, deixava a tarte no frigorífico durante o dia e saía para o trabalho a horas decentes. Fácil, certo?
Acordei às 6 da manhã. Vesti a nova camisola cor-de-rosa que tinha comprado em Paris com a minha mãe, coloquei o creme de limão e Limoncello sobre a base de bolacha, fiz o merengue, montei a tarte e levei tudo ao forno. Quando a tarte ficou pronta estava absolutamente linda.
Mas eu tinha pressa para fotografar. Não podia esperar que a tarte arrefecesse para a tirar da forma, por isso decidi retirá-la logo - e repentinamente tudo começou a andar em câmara lenta.
A base de bolacha cedeu nas partes laterais e começou a cair pela bancada. O molho de limão começou a escorrer pela manga da minha camisola nova. O merengue soltou-se e caiu sobre a máquina de lavar roupa.
E eu fiquei ali. Parada. Estática. Em choque. Em processamento. Em câmara lenta. Impotente a olhar para aquele filme de terror culinário.
Pensei em chorar. Pensei em praguejar. Pensei em mandar tudo para o lixo. Pensei em fugir para o trabalho e deixar o Pedro lidar com aquele cenário de guerra. E depois parei de pensar e agi.
Limpei a camisola, apanhei da bancada os bocados de tarte ainda vivos (e os bocados da minha auto-estima também) e misturei-os num tabuleiro. Chamei àquela tarte decapitada 'verrine de limão merengada'. E no fim acabámos todos a lamber-nos com esta pequena maravilha.
Algumas semanas depois, repeti a proeza - desta vez dando tempo à tarte para consolidar no frio antes de a desenformar. E ficou igualmente maravilhosa, para além de bonita visualmente.
E assim aprendi três importantes lições:
1. Na culinária, tal como na vida, tudo tem o seu tempo e não vale a pena apressarmos as coisas.
2. Acordar às 6 da manhã para cozinhar dá azar.
3. Estou muito melhor a lidar com situações imprevistas! :D
Tarte de limão e Limoncello com merengue (receita adaptada da Saveurs especial de sobremesas e da Saveurs Best Of 2014)
Ingredientes:
Para a base:
* 200g de bolachas maria;
* 80g de manteiga sem sal derretida;
Para o creme de limão e Limoncello:
* 220g de açúcar branco;
* Raspa de três limões;
* 150ml de sumo de limão;
* Quatro ovos grandes;
* 150g de manteiga sem sal amolecida;
* Três colheres de sopa de Limoncello;
Para o merengue:
* Três claras de ovo;
* Uma pitada de sal;
* 150g de açúcar.
Confecção:
* Picar finamente as bolachas maria e misturar com a manteiga derretida, amassando bem até obter uma pasta homogénea;
* Colocar na base da tarte, calcar bem e levar ao frigorífico;
* Para o creme juntar o açúcar, a raspa de limão, o sumo de limão e os ovos e bater bem com uma vara de arames;
* Levar a aquecer em banho-maria, mexendo sempre até engrossar e sem deixar ferver (aproximadamente dez minutos);
* Retirar do lume e juntar a manteiga cortada em pedaços pequenos, misturando para envolver;
* Juntar o Limoncello e levar ao frigorífico pelo menos durante duas horas;
* Para o merengue bater as claras em castelo juntamente com a pitada de sal;
* Acrescentar o açúcar aos poucos, continuando a bater até ficar duro e brilhante;
* Cobrir a base de bolacha com o creme de limão e com o merengue e levar ao forno pré-aquecido a 240º durante três a cinco minutos;
* Esperar até esfriar para desenformar.
Tenham um óptimo fim-de-semana! :D