1 de dezembro de 2014

Queques Pai Natal para um passatempo :D

And so I'm offering this simple phrase,
To kids from one to ninety-two.
Although its been said many times, many ways,
Merry Christmas to you.

Frank Sinatra (a melhor versão, na minha opinião!)


Os Natais da minha infância tinham sempre os mesmos protagonistas: o meu avô, a minha avó, os meus pais e eu.

O meu avô vaticinava todos os anos que aquele seria o último Natal que passaria connosco. Nunca nenhum de nós o levava particularmente a sério, obviamente. Na altura de abrir as prendas, o meu avô ficava sempre amuado com a quantidade de presentes que lhe estavam destinados - tal como as crianças, queria ter muitos embrulhinhos para abrir e nunca ficava satisfeito. Também ficava desapontado com o facto de nenhum dos presentes dele ser surpresa, uma vez que ele arranjava sempre forma de descobrir onde escondíamos as prendinhas e espreitava as que tinham o nome dele.


A minha avó passava o dia na cozinha, entre a aletria (o doce preferido do meu avô, que nunca mais fizemos) e os bolinhos de abóbora que ninguém comia. Nunca ficava satisfeita com o bacalhau que tinha feito - ou porque era desenxabido, ou porque estava demasiado salgado. Em retrospectiva, acho que herdei dela o meu perfeccionismo doentio na cozinha.

Divertia-se a contar como no tempo dela uma sardinha servia três pessoas e como a sua prenda de Natal habitual quando era criança era um saco com algumas nozes. Depois sentava-se no sofá, assistia pacientemente enquanto nós abríamos as nossas prendas e entretia-se a pegar nos papéis rasgados e nos laços abandonados e a dividi-los em três sacos: o lixo, a reciclagem e os enfeites que podiam ser reaproveitados para o ano seguinte. Só no fim a minha avó abria as prendas dela, com um desapego que apenas pode ser compreendido pelo facto de para ela o Natal ser simplesmente uma festa de afectos.



A minha mãe fazia listas de compras infindáveis e altamente pormenorizadas e passava horas no supermercado a comprar todos os ingredientes para os nossos docinhos de Natal. Durante o resto do dia choramingava pelos cantos porque o pudim Molotof não tinha ficado perfeito visualmente. Depois fazia mais listas de compras, ia ao supermercado e repetia o pudim, por isso havia sempre dois pudins Molotof lá em casa - um feio e outro menos feio que todos garantíamos ser o pudim mais lindo de sempre. Eventualmente a minha mãe desaparecia misteriosamente para o quarto, certamente para tratar de embrulhar os meus últimos presentes.


O meu pai ia fazer as compras de última hora ou visitar a minha avó paterna e só chegava a meio da tarde. Chegada a hora do jantar, acusava consistentemente o bacalhau de estar demasiado salgado. Quando já estávamos sentados no sofá à espera da meia-noite fingia-se ensonado e sugeria sempre a mesma coisa: que fôssemos todos dormir e que só abríssemos os presentes no dia seguinte. E todos os anos eu morria de medo que ele estivesse a falar a sério.

O meu pai queria sempre escolher o filme que víamos enquanto esperávamos pela hora de abrir os presentes, mas escolhia filmes sem graça e nós ficávamos aborrecidos e amuados. Eventualmente ele fartava-se de ser o Grinch da família e rezingava que nós podíamos mudar para o filme que quiséssemos - e nós não esperávamos nem um segundo e fazíamos precisamente isso. E assim era a vez dele de ficar amuado.


Eu estava feliz. Tinha passado o dia a ajudar na cozinha, a ver filmes, a cantar e a dançar ao som de músicas de Natal e a vestir roupinhas natalícias às Barbies. Já sabia quais iam ser todas as minhas prendas: umas porque encontrava escondidas pelos cantos nos diferentes armários da casa, outras porque o meu avô sabia e me contava. Provavelmente herdei dele a minha dificuldade em guardar segredos e fazer surpresas - a sério, o meu avô era tão mau nisto de guardar segredos que me contou que o Pai Natal não existia quando eu ainda tinha uns cinco anos!


Hoje os nossos Natais são diferentes. O meu irmão nasceu, o meu avô morreu, eu comecei a ter um papel mais interventivo na confecção dos doces de Natal. Tudo o resto se mantém inalterado pelo tempo, como se naqueles dias vivêssemos todos numa redoma imperturbável de carinho, quentinho e docinhos bons.


Este ano temos mais uma pessoa dentro da nossa redoma de felicidade: o meu Pedro. E espero que ele veja nos meus Natais tudo aquilo que eu vejo: o amor, as gargalhadas, as conversas que se repetem, as eternas discussões sobre o filme da noite... E a família. Porque no fim a minha avó sempre teve razão: o Natal é apenas e só uma festa de afectos.

Mas isso não quer dizer que não esperemos na mesma pelo Pai Natal. 


Queques Pai Natal

Ingredientes (para seis queques):

* A vossa receita preferida de queques de chocolate com pepitas de chocolate da Vahiné (usei esta);
* Açúcar dourado da Vahiné;
* Lápis de pasteleiro com sabor a baunilha da Vahiné;
* Seis morangos.

Confecção:

* Colocar um morango sobre cada queque e rodear com o lápis de pasteleiro branco;

* Cobrir com o lápis de pasteleiro branco;

* Polvilhar com o açúcar dourado.




Este é apenas um exemplo do que se pretende que vocês façam no meu passatempo de Natal: uma receita de queques onde utilizem um (ou mais) produtos da Vahiné e onde contem uma história do vosso Natal :) Pode ser um queque normalíssimo, um queque com um sabor mais natalício ou um queque decorado de forma mais pomposa: o que importa é que participem :D

Podem ver as regras todas aqui!