And so I'm offering this simple phrase,
To kids from one to ninety-two.
To kids from one to ninety-two.
Although its been said many times, many ways,
Merry Christmas to you.
Merry Christmas to you.
Frank Sinatra (a melhor versão, na minha opinião!)
Os Natais da minha infância tinham sempre os mesmos protagonistas: o meu avô, a minha avó, os meus pais e eu.
O meu avô vaticinava todos os anos que aquele seria o último Natal que passaria connosco. Nunca nenhum de nós o levava particularmente a sério, obviamente. Na altura de abrir as prendas, o meu avô ficava sempre amuado com a quantidade de presentes que lhe estavam destinados - tal como as crianças, queria ter muitos embrulhinhos para abrir e nunca ficava satisfeito. Também ficava desapontado com o facto de nenhum dos presentes dele ser surpresa, uma vez que ele arranjava sempre forma de descobrir onde escondíamos as prendinhas e espreitava as que tinham o nome dele.
A minha avó passava o dia na cozinha, entre a aletria (o doce preferido do meu avô, que nunca mais fizemos) e os bolinhos de abóbora que ninguém comia. Nunca ficava satisfeita com o bacalhau que tinha feito - ou porque era desenxabido, ou porque estava demasiado salgado. Em retrospectiva, acho que herdei dela o meu perfeccionismo doentio na cozinha.
Divertia-se a contar como no tempo dela uma sardinha servia três pessoas e como a sua prenda de Natal habitual quando era criança era um saco com algumas nozes. Depois sentava-se no sofá, assistia pacientemente enquanto nós abríamos as nossas prendas e entretia-se a pegar nos papéis rasgados e nos laços abandonados e a dividi-los em três sacos: o lixo, a reciclagem e os enfeites que podiam ser reaproveitados para o ano seguinte. Só no fim a minha avó abria as prendas dela, com um desapego que apenas pode ser compreendido pelo facto de para ela o Natal ser simplesmente uma festa de afectos.
A minha mãe fazia listas de compras infindáveis e altamente pormenorizadas e passava horas no supermercado a comprar todos os ingredientes para os nossos docinhos de Natal. Durante o resto do dia choramingava pelos cantos porque o pudim Molotof não tinha ficado perfeito visualmente. Depois fazia mais listas de compras, ia ao supermercado e repetia o pudim, por isso havia sempre dois pudins Molotof lá em casa - um feio e outro menos feio que todos garantíamos ser o pudim mais lindo de sempre. Eventualmente a minha mãe desaparecia misteriosamente para o quarto, certamente para tratar de embrulhar os meus últimos presentes.
O meu pai ia fazer as compras de última hora ou visitar a minha avó paterna e só chegava a meio da tarde. Chegada a hora do jantar, acusava consistentemente o bacalhau de estar demasiado salgado. Quando já estávamos sentados no sofá à espera da meia-noite fingia-se ensonado e sugeria sempre a mesma coisa: que fôssemos todos dormir e que só abríssemos os presentes no dia seguinte. E todos os anos eu morria de medo que ele estivesse a falar a sério.
O meu pai queria sempre escolher o filme que víamos enquanto esperávamos pela hora de abrir os presentes, mas escolhia filmes sem graça e nós ficávamos aborrecidos e amuados. Eventualmente ele fartava-se de ser o Grinch da família e rezingava que nós podíamos mudar para o filme que quiséssemos - e nós não esperávamos nem um segundo e fazíamos precisamente isso. E assim era a vez dele de ficar amuado.
Eu estava feliz. Tinha passado o dia a ajudar na cozinha, a ver filmes, a cantar e a dançar ao som de músicas de Natal e a vestir roupinhas natalícias às Barbies. Já sabia quais iam ser todas as minhas prendas: umas porque encontrava escondidas pelos cantos nos diferentes armários da casa, outras porque o meu avô sabia e me contava. Provavelmente herdei dele a minha dificuldade em guardar segredos e fazer surpresas - a sério, o meu avô era tão mau nisto de guardar segredos que me contou que o Pai Natal não existia quando eu ainda tinha uns cinco anos!
Hoje os nossos Natais são diferentes. O meu irmão nasceu, o meu avô morreu, eu comecei a ter um papel mais interventivo na confecção dos doces de Natal. Tudo o resto se mantém inalterado pelo tempo, como se naqueles dias vivêssemos todos numa redoma imperturbável de carinho, quentinho e docinhos bons.
Este ano temos mais uma pessoa dentro da nossa redoma de felicidade: o meu Pedro. E espero que ele veja nos meus Natais tudo aquilo que eu vejo: o amor, as gargalhadas, as conversas que se repetem, as eternas discussões sobre o filme da noite... E a família. Porque no fim a minha avó sempre teve razão: o Natal é apenas e só uma festa de afectos.
Mas isso não quer dizer que não esperemos na mesma pelo Pai Natal.
Queques Pai Natal
Ingredientes (para seis queques):
* A vossa receita preferida de queques de chocolate com pepitas de chocolate da Vahiné (usei esta);
* Açúcar dourado da Vahiné;
* Lápis de pasteleiro com sabor a baunilha da Vahiné;
* Seis morangos.
Confecção:
* Colocar um morango sobre cada queque e rodear com o lápis de pasteleiro branco;
* Cobrir com o lápis de pasteleiro branco;
* Polvilhar com o açúcar dourado.
Este é apenas um exemplo do que se pretende que vocês façam no meu passatempo de Natal: uma receita de queques onde utilizem um (ou mais) produtos da Vahiné e onde contem uma história do vosso Natal :) Pode ser um queque normalíssimo, um queque com um sabor mais natalício ou um queque decorado de forma mais pomposa: o que importa é que participem :D
Podem ver as regras todas aqui!