14 de julho de 2014

Muffins de curd de maracujá com chocolate e as touradas.



Há pouco mais de uma semana foi o Colete Encarnado, a festa de Vila Franca de Xira (o concelho onde eu trabalho). Desde Janeiro que ouvia falar desta altura tão emocionante para (praticamente) todos os naturais e habitantes de Vila Franca, e quando finalmente chegou a festa percebi porquê: as ruas enchem-se de gente e de música e por todo o lado há tertúlias, jantaradas e convívios engraçados.

Mas confesso que há uma parte em particular desta festa que me fez alguma comichão: Vila Franca é um sítio com uma enorme tradição de touradas e largadas de touros na rua, e ambos estão presentes nesta altura (em particular as largadas de touros).

Da primeira vez que falei desta minha reserva a alguém natural de Vila Franca percebi que tinha cometido um grande erro: os vinte minutos seguintes foram passados com a mocinha a argumentar a favor da tradição das touradas, a dizer que a grande maioria das pessoas era a favor das touradas mas só a minoria que era contra é que era ouvida e a justificar-se com a 'justiça' das largadas de touros (homem contra touro, no seu estado natural) e com o facto de todos os dias torturarmos animais para os mais variados propósitos científicos.


Sinceramente eu acho que cada um tem todo o direito a ter a sua opinião, e recuso-me a julgar quem tem opiniões diferentes ou opostas às minhas. Mas contra-argumentar com a investigação científica já me tira um bocadinho do sério.

A questão da utilização de animais em estudos científicos é falada há décadas, e infelizmente a comunidade científica ainda não encontrou uma alternativa viável. Enquanto isso vamos defendendo os direitos dos animais como conseguimos: tentamos ao máximo que tenham uma vida boa e tranquila e asseguramo-nos que não sofrem quando morrem.

Quem nunca esteve envolvido em estudos científicos (e portanto não conhece a realidade da experimentação em animais) não compreende isto e acha que tal devia ser proibido, mesmo que isso significasse que não poderíamos ter medicamentos novos, vacinas novas ou avanços científicos no geral. E eu já ouvi os argumentos mais ridículos a favor disto, sendo que o mais frequente é que devíamos testar medicamentos novos em presos.

Sim, porque isso correu muito bem aos nazis durante o Holocausto não foi?


A experimentação científica em animais não é de todo comparável à tortura propositada que acontece em algumas tradições mais arcaicas. Eu até aceito os restantes argumentos (não compreendo, mas aceito), mas recuso-me a calar-me quando alguém compara o avanço científico com a diversão momentânea das touradas.

Independentemente disso o ambiente do Colete Encarnado é engraçado, e garanto-vos que anualmente há um número manifestamente maior de pessoas magoadas (algumas delas bem a sério) em comparação com os touros que são feridos. E eu fico secretamente feliz com isso.


Muffins de curd de maracujá com chocolate

Ingredientes (para seis muffins):

* 140g de farinha de trigo;
* Uma colher de chá de fermento;
* Meia colher de chá de bicarbonato de sódio;
* Uma pitada de sal;
* Um ovo;
* 50g de açúcar;
* Quatro colheres de sopa de curd de maracujá (receita aqui);
* 60ml de leite;
* Três colheres de sopa de óleo vegetal;
* Pepitas de três chocolates da Vahiné para cobrir.

Confecção:

 * Juntar a farinha, o fermento, o bicarbonato de sódio e o sal;

* Noutra tigela bater o ovo com um garfo e juntar o açúcar, o curd de maracujá, o leite e o óleo vegetal, batendo bem entre cada ingrediente;

* Juntar a mistura líquida aos ingredientes secos e misturar com uma colher de sopa apenas até os ingredientes ficarem ligados, sem mexer demasiado;

* Colocar em forminhas para muffins, cobrir com as pepitas de chocolate e levar ao forno pré-aquecido a 220º durante sete minutos;

* Sem retirar os muffins do forno, baixar a temperatura para os 190º e deixar cozinhar durante mais treze minutos.

Tenham uma óptima Muffin Monday :D