Running, running, as fast as we can.
Do you think you'll make it?
We're running, keep holding my hand.
It's so we don't get separated.
No Doubt
Há uns sete anos eu e o meu namorado da altura fomos de comboio até à Régua, onde passámos um dia bem divertido.
A meio da viagem de regresso o comboio parou abruptamente, e dez minutos depois o revisor informou-nos que alguém se tinha atirado para a linha, pelo que teríamos de esperar algum tempo até que a situação normalizasse.
As reacções não se fizeram esperar: houve quem se tivesse precipitado para fora do comboio para ver o corpo (porque ver um corpo trucidado é super giro), houve quem bufasse de aborrecimento e houve quem verbalizasse frases do género 'que chatice', 'já bámos chigar tótil atrasados oblá' e 'realmente já não há respeito'.
Na altura eu e o meu namorado ficámos surpreendidos (e até chocados) com a frieza de quem, perante uma vida que termina de uma forma tão trágica, só consegue pensar na sua própria agenda.
Toda a gente vive cheia de pressa de chegar a algum lado.
Há quatro anos eu estava a caminho de casa dos meus pais. A meio da viagem de regresso o comboio parou abruptamente, e dez minutos depois o revisor informou-nos que alguém se tinha atirado para a linha, pelo que teríamos de esperar algum tempo até que a situação normalizasse.
Novamente, as reacções não se fizeram esperar: houve quem se tivesse precipitado para fora do comboio para ver o corpo, houve quem bufasse de aborrecimento e houve quem verbalizasse frases do género 'que porcaria pá, assim já vou chegar atrasado para almoçar!', 'espero que isto se despache depressa!', 'as pessoas não se podem matar em casa sem chatearem ninguém?' e 'a menina é estudante não é? Tenho um quarto para alugar ali para os lados de Benfica!'.
Toda a gente vive cheia de pressa de chegar a algum lado.
Há duas semanas voltava para Lisboa, quando a meio da viagem o comboio parou abruptamente. O revisor informou-nos que um enorme incêndio em Pombal estava a impedir a passagem pela linha, pelo que teríamos de esperar algum tempo até que a situação normalizasse.
Mais uma vez, e outra, e outra, os comentários de enfado atravessaram o ar: que chatice, que aborrecimento, realmente isto não tem jeito nenhum, já vou chegar atrasado, isto era quem os matasse a todos de formas-altamente-mórbidas-que-eu-não-vou-reproduzir-aqui, e outros do mesmo género.
Uma hora depois, o comboio recomeçou a andar. Quando passámos pela zona do incêndio o cenário estava negro, e era apenas interrompido pelos pequenos pontos que continuavam a arder. O cheiro a queimado invadiu as carruagens e demorou uns bons minutos a desaparecer do ar. Era desolador ver todas aquelas árvores queimadas. Era muito triste assistir a tudo aquilo.
Não ouvi ninguém expressar pena por todos os anos (independentemente das razões) o nosso país desatar a arder no Verão. Não ouvi ninguém expressar preocupação pelas centenas de bombeiros que diariamente arriscam as suas vidas para salvar algo que não é só deles, mas de todos nós. Não ouvi ninguém expressar tristeza por toda a natureza que estamos a perder, e que os nossos filhos nunca verão. Não ouvi ninguém expressar simpatia, compreensão, calma ou paciência.
Toda a gente vive cheia de pressa de chegar a algum lado.
Para essas pessoas, aqui vão estes croquetes. Simples, rápidos, bons, saudáveis. Para quem tem muita fome e pouco tempo disponível. Para quem vive cheio de pressa de chegar a algum lado.
Croquetes de peru e salpicão no forno
Ingredientes (para oito croquetes grandes):
* 500g de peito de peru picado;
* Três rodelas de salpicão;
* Meia cebola picada;
* Dois dentes de alho picados;
* Uma pitada de sal;
* Uma pitada pequena de noz-moscada;
* Meia colher de chá de pimentão-doce;
* Meia colher de chá de paprika;
* Meia colher de chá de salsa picada;
* Um ovo batido;
* Pão ralado q.b;
* Um fio de azeite.
Confecção:
* Juntar o peito de peru picado, as rodelas de salpicão, a cebola e os dentes de alho e picar na picadora até ficar uma mistura homogénea;
* Temperar com o sal, a noz-moscada, o pimentão-doce, a paprika e a salsa picada.
* Formar croquetes e passar pelo ovo batido e pelo pão ralado;
* Passar novamente pelo ovo batido e pelo pão ralado, se desejarem uma camada exterior mais crocante;
* Colocar num tabuleiro e regar com um fio de azeite;
* Levar ao forno pré-aquecido a 190º durante cerca de trinta minutos, virando os croquetes para que assem uniformemente.
Acompanhei os croquetes com migas, mas como ainda estou a desenvolver a receita não vou colocá-la aqui tão cedo! Aceitam-se sugestões sobre como fazer as melhores migas de sempre :)
Espero que gostem :D Até amanhã! :D