20 de setembro de 2013

Pudim com laranja e vinho do Porto feito a oito mãos :)

I took a walk around the world to ease my troubled mind.
I left my body lying somewhere, in the sands of time.
I watched the world float to the dark side of the moon.
I feel there is nothing I can do...

If I go crazy, then will you still call me Superman?
If I'm alive and well, will you be there holding my hand?
I'll keep you by my side with my superhuman might.
Kryptonite...

3 Doors Down


Um dos meus principais defeitos quando eu era adolescente era pensar que era mais inteligente do que os outros. Como podem imaginar, nessa fase eu não tinha propriamente muitos amigos.


Na verdade, eu sempre fui uma miúda muito culta para a minha idade. Os meus pais sempre me incentivaram a ler, a aprender, a conversar com adultos, a saber mais e a investir no aumento do meu conhecimento, algo que não era muito comum nos meus colegas quando tínhamos doze ou treze anos. No entanto, e apesar de eu ser efectivamente uma miúda inteligente, nunca percebi que isso não me dava o direito de me achar melhor do que os outros. 


Só para que isto fique claro, eu não era uma daquelas miúdas ranhosas. Nunca recusei ajudar alguém, dava sempre os meus resumos a toda a gente, ajudava os meus colegas quando me faziam perguntas e emprestava-lhes livros de exercícios. Mas, olhando para trás, questiono-me se isso seria porque gostava de os ajudar ou se seria simplesmente porque ajudá-los me fazia sentir bem comigo própria. 

(Mas adiante, que isto não é uma daquelas discussões metafísicas sobre se a caridade para com os outros é altruísta ou egoísta.)


Graças aos céus, quando entrei na faculdade fiquei completamente curada deste meu problema. Se até ali eu achava que era a maior, na faculdade levei o maior banho de realidade de sempre: eu era só mais uma. Na faculdade eu soube pela primeira vez o que era sentir-me burra, o que era não fazer a mínima ideia da resposta correcta e o que era responder a uma pergunta num exame oral com 'não sei'. 

Foi difícil? Foi. Perceber que não era a mais inteligente, a que tinha melhores notas, a que sabia mais coisas interessantes e a que lia mais livros custou. Mas também me permitiu crescer ainda mais, conhecer pessoas fascinantes, aprender imenso e, principalmente, descer daquele pedestal irritantezinho. 

Hoje já não me sinto super inteligente. Sei que tenho as minhas forças (como livros, filmes ou histórias-estranhas-que-aconteceram-a-pessoas-que-conheço-mas-das-quais-retirei-lições-de-vida-importantes-que-gosto-de-partilhar-com-os-outros) e sei que tenho as minhas fraquezas (como geografia, história do desporto ou leucemias e linfomas). Mas também sei que nunca é tarde para aprendermos algo, e nunca é tarde para assumirmos que não, não precisamos de saber tudo. 


De facto, eu não sei muito sobre cozinhar pudins. Não sou particularmente fã do conceito (à excepção do pudim molotof da minha mãe), nunca tive muitas oportunidades para praticar e sempre achei mais divertido fazer muffins ou bolachas. Mas estou completamente disponível para aprender e para me divertir com a minha família, e foi exactamente isso que aconteceu na véspera da festa de aniversário do meu irmão. 

O resultado foi um pudim delicioso, muitas gargalhadas e um novo truque aprendido: envolver a forma em papel de alumínio. Acho que posso dizer que fiquei um pouquinho mais inteligente, certo? :) 


Pudim com laranja e vinho do Porto

Ingredientes:

* Nove gemas;
* Três ovos inteiros;
* 250g de açúcar;
* Meio litro de leite; 
* Raspa de uma laranja;
* Sumo de uma laranja;
* Uma colher de sopa de amido de milho;
* Meio cálice de vinho do Porto.

Confecção: 

* Bater as gemas com os ovos inteiros; 

* Juntar o açúcar, o sumo e a raspa de laranja;

* Acrescentar o vinho do Porto, o leite e a maizena; 

* Colocar numa forma untada com caramelo, tapar completamente com papel de alumínio e cozer em banho-maria durante uma hora; 

* Retirar e desenformar.


Tenham um bom fim-de-semana! :D