4 de novembro de 2019

Pregnancy Diary #55

Na Quinta-feira passada tive consulta de obstetrícia, e depois de falar durante uma meia hora sobre o quão mal me estava a sentir rematei com algo que andava na minha mente há dias:

'Mariana, eu quero ser induzida.'



Para quem me conhece isto é estranhíssimo. Eu não tenho uma visão nada romanceada do parto, mas acredito que há coisas que não se planeiam. Quando foi o Matias não levei com toques nem descolamentos de membranas nem induções e ele nasceu quase a roçar as 41 semanas, uma riqueza de bebé, quando quis e como quis. Eu sei que isto soa um bocadinho a mete-nojice e não estou a criticar quem opta por ser induzido, simplesmente para mim nunca fez sentido (muito provavelmente porque borro-me de medo com a possibilidade de ter uma cesariana e sempre achei que as induções progrediam mais facilmente nesse sentido, embora os estudos mais recentes nem mostrem isso de todo).

Adiante. Eis que Joana, a pregadora contra as induções, a superior a isto tudo, se vê a braços com a possibilidade de poder demorar mais quatro semanas a desovar. Chora todos os dias, dorme mal, tudo lhe dói, anda irritada com toda a gente, volta a ter náuseas, enfim, um inferno. Não conseguia pensar em passar mais um mês neste sofrimento, e já não me sentia boa mãe nem para o Matias (porque andava sem paciência nenhuma) nem para a Gabriela (que está no útero a gramar com estas alterações todas, vai sair pouco diva vai).

E mal saíram aquelas palavras da minha boca senti um alívio enorme. A sério, nem consigo descrever.

A Mariana falou-me sobre a indução (havia muitas coisas que eu não sabia) e combinámos que na consulta das 39 semanas eu ia decidir o que fazer. Nem a Mariana nem nós concordamos com a indução antes disso (eu estou desesperada mas não ao ponto de me querer induzir tão cedo), e por isso as 39 semanas pareceram-me adequadas.

E sabem que mais? Mal percebi que podia só estar grávida até à próxima semana se o quisesse... Melhorei. Deixei de chorar, deixei de estar tão desesperada e sou capaz de jurar que até fiquei com menos dores.

Quando falei disto às pessoas que me rodeiam foi todo um shaming. Que não podia realmente queixar-me porque até estou a ter uma gravidez saudável, que a Gabi está bem, que a fase a seguir vai ser ainda mais difícil, que há muita gente que dava qualquer coisa para estar no meu lugar e não consegue engravidar.

E eu respeito esses argumentos. Ou melhor, vou reformular: eu tenho vontade de mandar estas pessoas para o caralhinho algures, mas não o faço porque também sei que dizem isto porque gostam de mim e porque realmente eu devo soar altamente desequilibrada. Mas isso não muda o facto desta gravidez estar a matar a minha vontade de ter mais filhos e de ter oficialmente ultrapassado uma linha que há nove meses atrás juraria nunca cruzar e verbalizar que quero ser induzida.

Sabem, conhecendo-me eu sei que vou chegar à consulta na próxima semana e já não vou querer ser induzida. Vou pensar 'pronto, quem já chegou aqui também aguenta mais uma semana ou duas'. Vou ser optimista e achar que vou entrar em trabalho de parto nesse dia, ou no dia seguinte, ou dois dias depois. Mas pensar que tenho essa opção e que sou livre de a tomar tranquiliza-me. Mesmo que não a tome. Mesmo que não concorde lá muito com ela.

A vida é mesmo assim,

You can't always get what you want, but if you try sometimes, you might find you get what you need.