12 de julho de 2018

A saga do desfralde.

É engraçado como nós alternamos entre ser pais incrivelmente descontraídos numas coisas e super rígidos noutras. A hora de dormir do Mati é cumprida de forma quase ditatorial (ultimamente é às 19.30h), mas o miúdo anda na rua sozinho e só precisa de nos dar a mão para atravessar na passadeira. O Mati pode escolher o que quer comer, vestir e fazer (dentro das opções disponíveis, claro), mas no entanto se faz birra porque não lhe apetece comer nada não tenho qualquer problema em deitá-lo sem jantar.

Um dia destes a minha mãe dava-me o seu já habitual sermão 'ai és tão rígida com o menino, coitadinho do pequenino' e comentou algo do estilo 'devias era ser assim para lhe tirar as fraldas, olha que tu desfraldaste aos onze meses e não ficaste nada traumatizada etc etc etc'.

Na altura encolhi os ombros e disse a lengalenga do costume: ainda é cedo, o desfralde é geralmente entre os dois e os três anos mas até há miúdos que desfraldam mais tarde, o Mati não mostrava grande interesse no tema (embora já faça xixi na sanita antes de ir para o banho há uns tempos), não avisava quando precisava de fazer xixi e cocó e não parecia muito desconfortável com o assunto, ainda tinha de ler sobre o tema e por aí fora.

Estava sozinha nesta luta. O Pedro queria desfraldar, a Joana queria desfraldar, e quando abordei o assunto na creche para ver qual era a opinião da educadora percebi que ela também achava uma óptima ideia. Vai daí o Pedro voltou de Barcelona na Sexta-feira (YEY), no Sábado o Mati passou o dia com os meus pais (foram ao zoo!)... E no Domingo iniciámos o desfralde.



Comprámos umas vinte cuequinhas do Mickey, dissemos ao Mati que a partir de Domingo íamos experimentar fazer sempre xixi na sanita e rezámos aos santinhos. Inicialmente íamos à sanita de meia em meia hora, depois passámos a ir de hora a hora e rapidamente percebemos que isso com o Mati não resulta e tem que ser uma mistura de ser ele a pedir e sermos nós a sugerir em alturas chave. No geral Domingo foi um dia horrível, e confesso que quando chegou Segunda-feira e ele foi para a creche fiquei aliviadíssima por termos decidido fazer isto assim, em oposição a desfraldarmos em Agosto quando vamos estar todos quinze dias em casa (que filme de terror, a sério).

Desde então tudo melhorou substancialmente. Na creche o Mati teve um acidente na Segunda e outro na Terça e nos últimos dois dias não teve (YEY), em casa tem tido um ou outro acidente (ontem não teve nenhum, hoje teve um cocó everywhere).

E está toda a gente animada. O Mati claramente acha um piadão a isto e sente-se ainda mais competente (ele é um miúdo muito sensível a isto e claramente precisa de se sentir autónomo, independente e competente nas coisas que faz), o Pedro está muito optimista, na creche andam todas contentes... E eu continuo aqui a rezingar, sozinha nesta luta, super contrariada, que nojice, usar fralda é tão mais prático, por mim o Matias usava fralda até aos dez anos, adeus ida ao parque dos dinossauros este fim-de-semana.

No fundo, acho que não era o Matias que não estava preparado para isto. Era eu.