Estou muito, muito cansada. Ontem queixava-me disso no grupo de WhatsApp que tenho com a minha família, e a minha mãe comentou que podia deixar o Mati a passar uns dias com eles para nós descansarmos.
E eu fiquei a pensar naquilo. Na verdade, o problema é que eu não preciso de descansar do meu filho. Porque não estou cansada de ser mãe.
Eu estou é cansada de ser adulta.
Acordar cedo, ficar parada no trânsito, comer o pequeno-almoço no carro, trabalhar, gramar com chatices, engolir o almoço à pressa, trabalhar mais, ficar novamente parada no trânsito, arrumar a casa, lavar e estender a roupa, ir às compras, tratar das contas, fazer o jantar, tentar ter tempo e disponibilidade mental para telefonar à família e aos amigos a dizer que ainda estamos vivos, planear as 28147398265465 viagens que queremos fazer nos próximos tempos (não me estou a queixar, mas é inegável que dá imenso trabalho), deitar-me tarde porque há mil e uma coisas para fazer... Tudo isto cansa-me, e muito.
(Vou passar a chamar a estas tarefas 'gerir o nosso património', acho que dá um ar mais glamouroso à coisa.)
No meio disto tudo, ser mãe é a tarefa mais relaxante da minha vida. Poder estar com o meu filho, brincar, saltar, fazer palhaçadas, cozinhar para ele, trocar-lhe fraldas, deitá-lo, vê-lo a rir, dar-lhe banho, obrigá-lo a lavar os dentinhos, obrigar o Pedro a descrever ao mais mínimo detalhe o dia do miúdo na creche e fazer coisas chatas e aborrecidas não é minimamente cansativo, muito pelo contrário: é a melhor parte do meu dia (seguido de perto pelo momento em que finalmente deito o lombinho na cama e faço conchinha com o Pedro).
Todos os dias invoco todas as minhas forças para estar totalmente disponível para o Matias em todos os momentos. E estou. Mas quando ele vai para a caminha atiro-me para o sofá, completamente esgotada.
Porque ser adulto é muito, muito cansativo. E uma seca das grandes.
Preciso de férias disto.