O Matias faz hoje seis meses. E é estranho. Por um lado, parece que está a crescer demasiado depressa. Por outro, parece que o tempo tem passado incrivelmente devagar. Por um lado, parece que ele sempre existiu nas nossas vidas e que nem nos lembramos de como era viver sem ele. Por outro, às vezes quando ele dorme sestas maiores até me esqueço que ele está cá em casa, e quando começo a ouvir os barulhinhos deliciosos que ele faz quando acorda fico momentaneamente confusa. Até que me lembro que tenho um filho.
O nosso filho. A melhor coisa das nossas vidas.
Há seis meses nasceu a nossa família. Há seis meses o Pedro nasceu como pai e eu nasci como mãe. Há seis meses que somos ainda mais apaixonados um pelo outro e pela nossa coisinha fofa.
O Matias é o bebé mais querido do mundo. Está sempre bem disposto e a sorrir. Só resmunga quando tem sono. Só chora quando se magoa. É curioso e teimoso. Dá as gargalhadas mais deliciosas. Franze a testa de uma maneira linda quando prova alguma coisa nova pela primeira vez. Adora puxar o meu cabelo e a barba do Pedro. Delira com os nossos óculos, que adora arrancar e lamber. É um miúdo livre para explorar o que quer e põe tudo na boca.
Já come sopas de imensos legumes diferentes e adora. Come papas caseiras maioritariamente sem glúten e gosta moderadamente. Parece ser fã de papas de aveia, especialmente se tiverem banana. Adaptou-se bem aos novos biberões da Avent (achámos que os da Dr. Brown's já não seriam necessários). Bebe imensa água e já consegue pegar no biberão da água sozinho. Odeia maçã. Tolera a pêra. Ainda não conseguiu decidir se gosta de laranja. Gosta de manga. Já provou iogurte caseiro e bolachas de gengibre caseiras também. Já comeu pão. Continuamos decididos a não lhe dar qualquer tipo de comida 'processada', mas somos adeptos de deixar o miúdo explorar o que quiser e provar o que lhe apetece. Ainda ficamos todos sujos a dar-lhe a comida, talvez por falta de jeito. No entanto, o Matias come muito rápido, e normalmente dez minutos depois já está despachado :)
Já dorme doze horas seguidas de noite (Deus é grande!). Deita-se às 20.30h e acorda entre as 8.30h e as 9.30h da manhã. Há uma semana passou uns dias mais difíceis em que acordava três ou quatro vezes por noite a pedir colinho, até que eventualmente percebemos que lhe estava a nascer o primeiro dentinho :)
Nunca ficou doente, talvez porque anda sempre a lamber o chão, a lamber-nos as mãos, a lamber os brinquedos, a lamber as mantas... Enfim, a lamber tudo. É um mistério para nós como é que o miúdo nunca quis chucha, tendo em conta que adora meter tudo na boca :)
Gosta que lhe leiam livros e que lhe cantem. Já tem músicas preferidas. Tem uma data de brinquedos novos e parece gostar bastante deles. Já adora ficar de barriga para baixo. Já se senta bem, mas aborrece-se muito e prefere atirar-se para o chão e lamber coisas. Rola imenso e rasteja para a frente e para trás (embora ainda com alguma dificuldade). Não é muito adepto de palrar, mas adora fazer bolinhas de saliva com a boca (e fazer um brrrr amoroso).
Continua a acordar muito bem disposto e a amar loucamente tomar banho. Agora toma banho em frente ao espelho e é a maior festa de sempre. O amor deste miúdo pela água é tanto que decidimos inscrevê-lo na natação e vamos começar na próxima semana.
De dia adormece perfeitamente sozinho. Mal começa a mostrar o mínimo sinal de sono (normalmente a horas muito específicas) nós fazemos swaddling com o blankie (um cobertor branco com que ele adora dormir, que tecnicamente são três cobertores iguais), deitamo-lo na caminha e dois minutos depois ele está a dormir. Há dois meses só conseguia adormecê-lo no colo (nunca me aborreceu muito, eu gostava de o ter ali no meu colinho embora na generalidade das vezes ele estivesse a gritar porque queria dormir e não conseguia), agora já adormece sozinho como um menino grandão :)
De noite mantemos as nossas rotinas e somos quase obsessivos com elas (mas hey, resultam!). Começamos as rotinas pré-banho às 20.00h, com a massagem, a massagem na cabeça (que ele adora!), a escovagem dos dentinhos (vá, das gengivas!), a vitamina D e o soro fisiológico. Vamos para o banho, vestimos um pijama quentinho, damos o leite às escuras e em silêncio (agora ele nunca adormece porque bebe o leite super rápido!) e deitamo-lo embrulhado na caminha, onde ele adormece uns cinco minutos depois.
Durante o dia temos as rotinas normais: mudanças de fraldas (muitas, agora com as papas de cereais integrais, as sopas de brócolos e as laranjas trituradas o miúdo decidiu fazer imensos cocós!), brincadeiras, sestinhas (ainda faz três por dia, uma de manhã e duas de tarde, num total de três horas mais ou menos), passeios, dar comidinha, limpar depois da comida e esmagá-lo com abraços e beijinhos.
Nunca tivemos tanto trabalho com ele como agora. É limpar com as compressas, é trocar fraldas, é trocar roupas porque se sujam com comida, é andar atrás dele para que não se magoe (e mesmo assim já deu umas quantas cabeçadas no chão), é fazer sopas, é fazer papas, é triturar frutas, é estimulá-lo, é esfregar as gengivas de manhã e à noite, é lavar os quilos de roupa que sujamos, é trocar constantemente os babetes (ele deve estar a usar uns doze a quinze por dia neste momento), é apanhar os brinquedos que ele atira para o chão e dar-lhe novamente... Enfim, é um trabalho a tempo inteiro! A casa continua razoavelmente arrumada (muito graças ao facto da nossa empregada da limpeza passar a ferro!), mas cada vez sinto que acabamos o dia mais tarde e mais cansados (ontem voltei das compras às 22.00h, o Pedro já tinha o jantar pronto e depois ainda arrumámos a cozinha, fizemos papas de aveia (desta vez com pêra), tirámos a roupa que ainda estava estendida lá fora, preparámos a mala dele para hoje (passámos uma parte do dia no brunch do Ritz) e depois praticamente falecemos para cima do sofá. A minha mãe diz que isto cada vez fica pior e que só me livro do trabalho quando o miúdo fizer dezoito anos, por isso já estou mentalizada.
Apesar disso, todos os dias há novidades novas. Todos os dias descobrimos coisas sobre o nosso filho. Todos os dias ele faz novas descobertas. Todos os dias aprendemos algo diferente.
E depois do Pedro ter ficado um mês em casa e de eu ter regressado ao trabalho, trocámos: este mês estou eu em casa e o Pedro está a trabalhar, no próximo está ele em casa e eu volto a trabalhar. Com isto, conseguimos adiar a entrada do miúdo na creche até Janeiro. Não é perfeito, mas é o que há. E estamos a adorar isto de sermos pais a tempo inteiro.
O Matias faz hoje seis meses e é um bebé feliz. E nós estamos muito felizes também.