Mas o papel não depende só dos profissionais de saúde, devendo ser sempre integrada a família!
A família é fundamental em toda a evolução da obesidade infantil, não só como factor de risco (crianças com um pai obeso têm 40% de probabilidade de serem obesos; esta probabilidade sobe para 80% se forem os dois pais obesos!), mas também no processo de reeducação de hábitos. Sendo assim, a obesidade da criança passa a ser também a doença da família, em que todos devem ajudar e adquirir novos hábitos saudáveis.
Outra situação preocupante relacionada com a obesidade infantil são as repercussões desta doença. Na nossa sociedade por vezes ainda há o mito de que as crianças ao crescerem 'dão o pulo e depois ficam bem'. Esta ideia deve ser desmistificada, até porque estudos sugerem que:
* Uma criança obesa não é uma criança nutrida a mais, podendo, devido aos maus hábitos alimentares, ter défices vitamínicos que prejudicam o seu normal desenvolvimento;
* Até 75 a 80% dos adolescentes obesos ficam adultos obesos;
* Quanto maior o tempo de vida que se passa obeso, maior a probabilidade de repercussões.
Em conclusão, a obesidade infantil é uma doença que cada vez mais afecta as crianças e jovens portugueses. Embora seja difícil a implementação de novos hábitos familiares, a sua aquisição deve ser uma batalha constante, evitando a longo prazo as potencialmente fatais repercussões desta doença.
Patrícia Ferreira é licenciada em medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e especialista em Pediatria.
Susana Cordeiro Rita tem o mestrado integrado em medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e é actualmente interna da formação específica de Medicina Geral e Familiar.