22 de maio de 2015

Mousse de maracujá light e o conceito de maternage :)

She's got eyes of the bluest skies,
As if they thought of rain.
I hate to look into those eyes,
And see an ounce of pain.
Her hair reminds me of a warm safe place,
Where as a child I'd hide,
And pray for the thunder and the rain
To quietly pass me by.

Oh, oh, oh,
Sweet child o' mine.
Oh, oh, oh, oh,
Sweet love of mine.

Guns 'N Roses




Há um conceito na psiquiatria do qual eu gosto muito: o conceito de maternage.

No fundo, a maternage refere-se ao acto de ser maternal. De dar carinho, de providenciar afecto, de estimular a vinculação. Essencialmente, a maternage implica cuidar de quem amamos.


Não vou estar aqui com grandes explicações e teorias sobre o assunto. A parentalidade é um tema complexo, e não me parece prático escrever-vos um tratado sobre a questão aqui no blog. No entanto, creio que todos vocês conseguem perceber aquilo a que me refiro: aquela necessidade básica e primária que todos temos dentro de nós e que nos impele a cuidar física e emocionalmente das pessoas que amamos - não apenas os nossos filhos, mas também a nossa família e os nossos amigos.


Embora todos tenhamos dentro de nós a capacidade de ser maternais ou paternais, é inegável que há quem aceda mais facilmente a essas valências. E dentro desse grupo de pessoas, estou eu.

Sim, eu sou muito mãezinha. Não sou propriamente a pessoa mais fisicamente carinhosa do mundo (inclusivamente com o Pedro), mas sinto um impulso incrível para cuidar emocionalmente dos outros.

Afinal, sou interna de psiquiatria da infância e da adolescência, certo?


Por outro lado, também sinto uma grande necessidade de ser amada. E talvez seja por isso que gosto tanto do conceito de maternage: porque me revejo simultaneamente no desejo de ser acarinhada e na vontade de cuidar do outro.

Quando o Pedro foi para o Brasil fazer o curso intensivo de cinco semanas, a minha avó veio para Lisboa passar uns dias. Inicialmente eu confesso que estava algo resistente a esta mudança - achei que conseguia perfeitamente ser independente e incomodou-me ligeiramente que a minha avó achasse que eu precisava que cuidassem de mim. Até que percebi que não há mal nenhum em permitir que cuidem de nós. Que nos acarinhem. Que nos amem.

E deixei que a minha avó me envolvesse na sua maternage.


Foram dias engraçados, com rotinas diferentes e com aventuras memoráveis. Algumas delas vão inclusivamente ser contadas aqui no blog, como o dia em que quase explodi a minha cozinha por causa de um maçarico aparentemente inofensivo e inocente. Pelo meio fiquei doente, fiquei triste, fiquei cansada e fiquei irritada, e a minha avó cuidou de mim.


No fim, eu fiz-lhe uma mousse de maracujá sem açúcar e acarinhei-a também. Cuidei dela, como ela cuidou de mim. Cozinhei para ela, um dos mais básicos e primários actos de amor que eu dou aos outros.

E ela deixou que eu cuidasse dela. Afinal, não há mal nenhum em permitir que cuidem de nós. Que nos acarinhem. Que nos amem. Principalmente se o fizerem com uma mousse simultaneamente saudável e deliciosa :D


Mousse de maracujá light (receita adaptada do blog 'Creme de Avelãs')

Ingredientes (para três copinhos):

* Duas folhas de gelatina;
* Uma clara;
* 130g de iogurte grego;
* 260g de polpa de maracujá.

Confecção:

* Demolhar as folhas de gelatina em água fria;

* Bater a clara em castelo;

* Acrescentar o iogurte e a polpa de maracujá e envolver cuidadosamente;

* Espremer as folhas de gelatina e levá-las ao microondas até que derretam (aproximadamente vinte segundos);

* Juntar a gelatina derretida à mistura de maracujá e iogurte e incorporar bem;

* Levar ao frigorífico até solidificar.


Tenham um óptimo fim-de-semana! :D