8 de maio de 2014

Crepes da Julia Child e a liberdade de escolha.

Woman!
You know you're a woman,
You got to be a woman,
I got the feeling of love.

When you're talking to me
You see right through me.
I got the feeling of love.

Wolfmother


Um dia mais tarde e se a conjuntura o permitir eu e o Pedro gostávamos imenso que um de nós ficasse em casa com os miúdos durante os primeiros anos da vida deles.

Infelizmente isto não é nada fácil de admitir numa sociedade que acha que devíamos trabalhar doze horas por dia e manter simultaneamente a casa imaculada, a saúde impecável e a beleza intocável. Na verdade, sempre que digo isto a alguém sou criticada: se refiro que gostava de ficar em casa a cuidar das crianças sou limitada, preguiçosa ou pouco ambiciosa, e se digo que não me importava que o Pedro ficasse em casa a cuidar das crianças sou uma burra e o Pedro é um fraquinho, um aproveitador ou um mandrião.


Honestamente não me podia importar menos com o que as pessoas pensam sobre as minhas opções de vida, e não estou a tentar justificar-me. Estou simplesmente a explicar-vos isto para que percebam que há pessoas que têm ambições diferentes: se calhar eu não quero ter um doutoramento, uma casa incrível e o telemóvel mais recente, e em vez disso a minha maior ambição é ser a melhor mãe e esposa que consigo. Qual é ao certo o problema nisso?


Aparentemente, para os outros há muitos problemas nisto. Os outros, que apregoam a liberdade de escolha mas criticam quem faz opções diferentes. Os outros, que defendem a igualdade de direitos mas não compreendem quem vê a outra pessoa da relação exactamente da mesma maneira (com os mesmos direitos e com os mesmos deveres).


Na primeira loja de vestidos de noiva em que entrei a rapariga que me atendeu disse que eu devia escolher o vestido que fosse mais adequado à situação. Vim embora. Eu não sou uma pessoa adequada. Eu não quero um vestido adequado. Eu não quero uma vida adequada.

Eu quero uma vida livre e feliz, onde possa fazer crepes sem ter de ouvir que 'as mulheres andaram a lutar pela emancipação durante décadas e agora eu passo a vida na cozinha'.

Adivinhem? É a minha vida. São os meus crepes. E ninguém tem rigorosamente nada a ver com isso.


Crepes (receita adaptada do livro 'Mastering the Art of French Cooking' da Julia Child)

Ingredientes (para aproximadamente oito crepes):

* 190ml de leite;
* 185ml de água;
* Três gemas de ovo;
* Uma colher de sopa de açúcar;
* Três colheres de sopa de licor à escolha (eu usei rum);
* Uma chávena de farinha (ou 125g);
* Cinco colheres de sopa de manteiga derretida.

Confecção:

* Juntar todos os ingredientes pela ordem acima e bater bem com a batedeira;

* Levar ao frigorífico durante pelo menos duas horas (ou durante a noite);

* Aquecer a máquina de fazer crepes e colocar uma concha da massa, usando a espátula para espalhar bem (se usarem uma frigideira simplesmente inclinem para os lados para que a massa se espalhe);

* Esperar cerca de um minuto e virar o crepe com cuidado;

* Deixar cozinhar do lado oposto, retirar e repetir até acabar a massa!


Servi com o molho de morango caseiro que vos mostrei ontem e com coco, mas também experimentámos com açúcar em pó ou banana :) Ficaram uma delícia! :D

Até amanhã! :D