19 de março de 2014

Sopa da avó (para a minha avó, obviamente!) :D

She's got a smile that it seems to me,
Reminds me of childhood memories,
Where everything was as fresh as the bright blue sky.

Now and then when I see her face,
She takes me away to that special place,
And if I stare too long, I'd probably break down and cry.

Guns 'N Roses


O meu avô paterno morreu quando eu tinha quatro anos e a minha avó paterna morreu há dois anos atrás. O meu avô materno morreu quando eu tinha doze anos, e por isso só tenho mesmo uma avó viva: a minha bó.

Nunca tive grande contacto com os meus avós paternos. Já com os meus avós maternos foi outra história: dormia lá em casa constantemente, via os episódios de Looney Tunes e Tom and Jerry que o meu avô gravava e comia a jardineira espantosa que a minha avó fazia (podem ver a minha própria versão amanhã!).


Não sei se isto também vos acontece, mas para mim a minha avó continua sempre igual com o passar dos anos: uma velhota enérgica e resmungona, sempre pronta para fazer as vontades todas aos netinhos.

A minha avó tem uma gargalhada fácil e estridente que contagia todos os que estão à sua volta. Preocupa-se com facilidade, e conhece os casos mais milaborantes de pessoas a quem aconteceram os azares mais incríveis. Para ela as coisas nunca estão bem feitas: se eu lavo não está bem lavado, se eu arrumo está desarrumado e se eu cozinho não fica tão bom como o dela.

A minha avó é teimosa como uma mula e forte como uma leoa, mas é simultaneamente incrivelmente sensível. É capaz de imprimir tons e sentidos escondidos até nas frases mais inocentes. Sente todos os dias a falta do meu avô, mas abomina a ideia de arranjar outra pessoa: o meu avô foi, simplesmente, o amor da vida dela.


A minha avó sempre se preocupou por eu não ser propriamente uma fada do lar. Normalmente expressava essa preocupação dizendo várias vezes 'coitado do homem que te levar', o que não deixa de ser curioso porque sempre que os amigos do Pedro provam as minhas comidinhas a primeira coisa que exclamam é que ele tem mesmo sorte por estar comigo.

A minha avó continua a mandar-me tupperwares com sopa, bifes de frango, salsa picada e frutos secos já descascados e partidos. E eu juro-vos, as coisinhas que ela manda sabem melhor do que as outras, talvez porque foram feitas e embaladas com todo o carinho do mundo.


Hoje a minha avó já não diz 'coitado do homem que te levar'. Hoje já não são precisas palavras: eu sei que ela está orgulhosa da mulher em que me tornei, mesmo que eu continue a não ser propriamente uma fada do lar.

E hoje eu superei mais uma prova: fiz sopa igual à da minha avó. E ficou tão, tão boa.


Sopa da avó

Ingredientes:

* 300g de abóbora cortada em pedaços;
* Um alho francês;
* Um chuchu cortado em pedaços;
* Um nabo cortado em pedaços;
* Meia couve branca cortada em pedaços;
* Três cenouras às rodelas;
* Meia alface;
* Salsa picada q.b.;
* Uma cebola picada;
* Dois dentes de alho picados;
* Uma lata grande de feijão vermelho cozido;
* Uma pitada de sal;
* Um fio de azeite.

Confecção:

* Juntar a abóbora, o alho francês, o chuchu, o nabo, a couve branca, as cenouras, a alface, a salsa, a cebola e o alho e levar a cozer numa panela com água e sal;

* Triturar com a varinha mágica;

* Juntar o feijão vermelho e mais algumas folhas de couve branca;

* Deixar cozinhar, desligar o lume e regar com um fio de azeite.


Até amanhã! :D