When you believe in things
That you don't understand,
Then you suffer.
Superstition ain't the way.
Stevie Wonder
Toda a gente tem as suas manias. Eu não sou diferente.
Eu tenho a mania que um dia alguém me vai assaltar a casa enquanto eu estou a passar o fim-de-semana em casa dos meus pais. Tenho a mania que vou morrer a andar de avião (até porque não estive muito longe disso, se bem se recordam). Tenho a mania que tenho obrigatoriamente de dormir oito horas por dia, no mínimo.
Eu tenho a mania de evitar tomar banho quando estou sozinha em casa. Tenho a mania de trancar a porta do quarto quando durmo sozinha em casa. Tenho a mania que o Pedro vai morrer num acidente de carro (já o Pedro tem a pancada que vai morrer de melanoma, por isso estamos bem um para o outro).
Eu tenho a mania que assobiar à noite chama os ladrões, provavelmente porque o meu avô dizia isso quando eu era criança. Tenho a mania de beber água em jejum todos os dias. Tenho a mania de ter sempre (ou quase sempre!) as unhas pintadas. Eu tenho roupa interior da sorte, apesar de acreditar que somos nós que fazemos a nossa própria sorte.
Eu tenho a mania de dizer que não gosto de leite de coco ou de maionese. Se ninguém disser nada talvez nem consiga distinguir estes ingredientes no prato, mas se eu souber que eles lá estão de repente todo o prato me parece uma mistureba horrenda e enjoativa.
É claro que nunca digo nada, até porque os meus pais sempre me ensinaram a aceitar a comida que me oferecem. Já no caso do meu irmão a mensagem não foi muito bem captada, e ele adora denunciar-me nos jantares com amigos ou família dizendo que eu não gosto de cabrito, de borrego, de pato, de coelho, de sardinhas, de entrecosto, de salsichas, de panados ou de arroz de lulas, mesmo enquanto esses mesmos pratos estão na mesa.
Há uns meses fui a casa de uns familiares e o jantar foi caril de camarão. Fiquei logo a salivar quando ouvi a ementa, mas percebi imediatamente pelo cheiro que vinha da cozinha que aquele era um caril feito com leite de coco. É claro que comi e até elogiei, mas não nego que fiquei enjoada depois.
Toda a gente tem as suas manias, e esta é uma das minhas. E por isso cá em casa o caril é feito com base de tomate, e não com base de leite de coco. No fundo é um caril mais indiano e nepalês, em oposição ao caril tailandês (blé).
Independentemente da base que preferirem é inegável que o caril é um prato delicioso e reconfortante, perfeito para os dias mais frios :D
Ingredientes (para duas pessoas):
* 120g de peito de frango cortado em cubos;
* Meia cebola picada;
* Três dentes de alho picados;
* Um fio de azeite;
* 100ml de molho de tomate;
* Uma colher de chá (bem cheia) de caril;
* Uma colher de chá de açafrão;
* Meia colher de chá de gengibre;
* Meia colher de chá de cominhos;
* Meia colher de chá de coentros;
* Uma colher de chá de molho picante timorense (podem substituir por piri-piri);
* Uma pitada de canela;
* Sumo de meio limão ou uma colher de chá de vinagre;
* Uma pitada de sal.
Confecção:
* Refogar o alho e a cebola no azeite e juntar o frango;
* Refogar bem e acrescentar o molho de tomate;
* Temperar com o caril, o açafrão, o gengibre, os cominhos, os coentros, o picante (ou piri-piri), a canela, o sumo de limão ou o vinagre e o sal;
* Provar e rectificar os temperos, se necessário;
* Acrescentar água e deixar cozinhar.
Podem também ver o meu caril de legumes com bulgur aqui, o meu caril de lentilhas aqui ou os meus croquetes de grão-de-bico com caril aqui! :)
Até amanhã :D